quinta-feira, 27 de abril de 2023

Haikai

Histórias cruas, rudes,

Vidas em desalinho expostas,

Contos Grunges são.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Era sábado (Não finalizado)

Era sábado, eu havia acordado com uma ressaca dos diabos, estava completamente pelado em minha cama e ao meu lado, também completamente nua uma amiga minha. Havíamos fodido uma boa parte da noite, eu era um garotão... Virei-me na cama e fiquei olhando seu rosto, ela dormia tranquilamente, levemente coberta por um lençol, eu não tinha dúvida olhando aquele rosto que eu havia lascado com mais uma boa amizade, esse era eu, fodia com tudo no final das contas, isso me tornava um perito em foder e foder cada dia mais com a minha vida, se eu não me afastasse das pessoas pela minha grosseria eu me afastava de outros modos, e com a Laura eu iria me afastar pela Copulada que tivemos na noite anterior. A noite anterior... Eu trabalhava longe pra burro do mundo, morava na nove de julho, perto de tudo e de todos os empregos do mundo, menos do meu é claro, alguém que nasce e vive uma vida sofrida, não pode querer benefícios aos 30 anos, pois bem, trabalhava longe pra cacete, mas meu telefone naquela sexta não parava de tocar, vibrar e tudo que uma bosta de telefone móvel pode fazer, desci para fumar, tendo meus 10 minutos de paz do escritório... Vários amigos iriam se encontrar no Green Bar, um bar na Consolação em pleno cérebro da Avenida Paulista, eu vivia indo aquele bar, e ver meus amigos iria me fazer um bem danado, não tinha tido tempo, vida, e estava totalmente cinza nos últimos meses, minha vida não tinha a menor graça, eu estava completamente algemado em um trabalho que não gostava, em uma rotina que me consumia completamente e que estava acabando com a pouca saúde que me restava, vivia de mal humor, ficando doente e meu corpo implorava por descanso enquanto minha mente suplicava por liberdade. Enfim, resolvi responder as mensagens dizendo que iria. Sai o mais perto do meu horário, peguei o fretado que me deixava na paulista e encontrei os amigos, não via quase ninguém já fazia um bom tempo, entre abraços, conversas, risadas e cervejas, acabei ficando com a minha amiga Laura, bebemos, fumamos e rimos e fomos embora para minha casa e não teve outro jeito que não foder, fodemos como se não houvesse mais sexo no mundo, como seres primitivos e agora, olhando para o rosto da Laura, eu sabia que, muito provavelmente nunca mais seria a mesma coisa entre a gente, ela era o tipo de pessoa que não conseguia viver com aquela situação e eu sabia disso no momento que lhe dei um beijo e há levei para meu apartamento, troquei a amizade pelo mais puro instinto animal, o acasalamento. Laura, abriu os olhos, me olhou eu olhei de volta, ela sorriu. - Bom dia. Ela me disse. - Bom dia. - Que horas são? - Não faço ideia, acabei de acordar. - Mentiroso, hihi, estava me velando seu puto! - Meus olhos abriram agora Diabos, acho que era você quem me velava. - Besta, para de ser mentiroso. Deu-me um beijo. - Nada como beijos matinais, bafinho tremendo e carinho, gosto disso. Ela riu e se levantou, estava nua, era linda, começou a vestir a calcinha, pegou a bolsa e foi ao banheiro, eu estava com o pau em riste, pensei em bater uma punheta, mas aquilo seria depreciar a minha noite, optei por apenas ficar olhando o teto e esperar minha piça sossegar. Ela voltou, eu continuava deitado, começou a se vestir e tagarelar sobre algo que eu não tinha certeza, sabia que aquele seria um nos nossos últimos bons momentos juntos, queria apenas ver o seu sorriso, éramos amigos e eu gostaria que apenas continuasse da mesma forma. Levantei, nu, deprimente, homens são terrivelmente feios perto de mulheres nuas, aquele troço pendurado, pelos, barriga, bunda geralmente negativa, tudo isso era muito feio, vesti minha cueca e fui ai banheiro, fiz quase todo o ritual, lavei o rosto, escovei os dentes, dei uma bela cagada, me limpei e dei descarga olhando para o vaso, vendo meus dejetos irem embora de forma melancólica, lavei minhas mãos e sai do banheiro. Fui direto para sala, precisava de um cigarro, Laura já estava totalmente vestida e falava ao celular, acendi meu Lucky Strike e tossi, uma tosse forte, pensei que meu pulmão poderia abandonar o meu corpo a qualquer momento, o catarro subiu e eu quase vomitei, fui mais forte e engoli tudo, respirei e dei mais um tragada, pronto, novamente venci meu pulmão... Troxa! Laura foi embora, fumei mais uns três ou quatro cigarros. Fiz café e tomei banho, eram 14hr30, havia faltado no trabalho e foda-se, precisava viver e estava muito cansado, iria para casa de um amigo na nove de julho mesmo, o Escobar, colega do meu antigo trabalho, ruivo e com uma bela barba, bebíamos muito quando juntos e nos tornamos muito amigos depois que passamos a morar na mesma avenida. Convivemos por quase dois anos somente falando o básico, trabalhávamos na mesma empresa, ele continuava lá, eu não. Éramos de setores diferentes, andares diferentes e nos encontrávamos geralmente no fumódromo, sabia onde ele morava, e quando me mudei, passamos a fazer visitas frequentes um para o outro, a intenção era deixar o tempo passar e bebericar o que pudéssemos, ele salvava os meus domingos e fodia minhas segundas, pois bebíamos como se o outro dia fosse ainda um dia de folga e repouso. Naquele dia iriamos beber feito adultos maduros em pleno sábado e meu domingo poderia ser do mais belo e justo repouso, iria fazer meu corpo descansar, palavra! Fui ao mercado, peguei uma garrafa de Vodca e uma caixa de cerveja, coisa justa para o caralho para iniciarmos. Fui caminhando em passos lentos, era sábado, havia matado o trabalho e não estava com pressa, iria beber e precisava ter os meus minutos, fui caminhando de forma sutil a avenida, olhando os mendigos, os carros, os ônibus indo sentido Terminal Bandeira, tudo ali cheirava a vida e a urina, eu amava o centro de Sampa. Cheguei em frente ao prédio do Escobar, estava fumando, o frio era o dominante daquele dia, estava bom, eu tinha em minhas mãos, cervejas, vodca e 2 maços de cigarros, a vida realmente estava sendo boa comigo naquele sábado, iria beber para esquecer o emprego, esquecer que perdi uma boa amiga, esquecer minhas contas, meus relacionamentos que deram merda, e foram vários, minha saúde e todo o diabo que pudesse apagar, toquei no apartamento dele, a porta se abriu adentrei o saguão, chamei o elevador e em instantes o elevador chegou, subi. - Alou – disse o Escobar ao ver eu entrando. - Como está meu velho? - Bem, estava com saudade da sua cara feia e do seu pessimismo - Vai se foder. – Eu disse com o dedo em riste. - Você está com uma cara de ressaca da porra. - Man, não vou entrar em detalhes sobre ontem, só caguei algo que não deveria cagar. - De novo né! - Sempre meu velho. Guardei às cervejas na geladeira e abri uma lata, acendi um cigarro e fui para sua sacada, ele morava no 13º andar, fui para sua sacada, à vista era sensacional, fiquei fumando e vendo o centro de São Paulo por cima, eu era o baluarte da sabedoria, era quem podia tudo e nada ao mesmo tempo, eu era o sim e o não, era a confusão, a desgraça e a vida, por mais que sabia que havia cagado e caído por cima me rolando, me sentia bem, me sentia muito vivo. Havia algumas pessoas na casa do Escobar, todos bebiam e riam, todos estavam felizes, era sábado, e o sábado é definitivamente um dia de felicidade, todos estavam ali para conversas e para se embriagar, todos queriam viver e esquecer suas vidas, suas contas, seus problemas, essa era a grande vantagem dos sábados, fingimos que nada acontece para que aconteçam coisas boas. - Escobar. – disse uma menina do sofá. - Fala ai, Monica. - O que você acha sobre a crise no país? - Ao diabo com a crise, tenho tudo que preciso, estou pouco me fodendo. - Você não se importa com os outros? - Ele não se importa com nada desde que seu bigode continue apontando para lua. – eu disse interferindo na conversa. – Vou pegar mais cerveja, alguém quer? Todos responderam que sim, praguejei por ter oferecido. Fique por lá mais umas 4 horas, resolvi voltar para casa, já havia bebido quase tudo que podia um ser humano beber por uma vida e não estava nem um pouco disposto a cair de bêbado ou vomitar, me despedi de todos, Escobar foi comigo até a porta. - Meu velho, ainda quero saber o que aconteceu, você não chegou aqui me contando tudo. - Relaxa, eu te falarei sim, só que hoje não, deixa para outro dia. - Você sabe que sempre estarei por perto. - Sim, somos alma gêmeas do álcool. Ele fechou a porta, chamei o elevador, esperei uns 2 minutos, e desci, caminhei pela nove de julho sentido meu apartamento, ainda era sábado e eu não estava mais nem ai para porra nenhuma.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Roupas pretas, meias pretas e mostarda.

Havia sido um porre monumental, o dia todo bebendo, iniciando os trabalhos às 11 da matina, já se aproximando da meia noite, alguns dos guerreiros da manhã continuavam de pé, eu era um deles. Jogávamos Poker, a maioria já havia ido embora, restavam cinco de nós, eu bebericava vodca e cerveja, alternava e estava levando de forma totalmente incrível, havia bebido feito um animal, mas aquele era o meu dia, eu estava bem, estava vivo e aquele dia em especial, havia algo que me deixava sóbrio independentemente da quantidade de álcool que mandasse para o meu organismo.

Fizemos uma reunião na casa do Jorge, havíamos combinado com um mês de antecedência, seria uma reunião como nos velhos tempos... Andrei, Fernando, Bruno, Vitor, Carlos, Gabriel, Theo, Pedro, Elias, Paty, Rafaela, Jana, Deise, Cris, Roberto Toda a turma, algumas namoradas, namorados, Theo e Jana casados, afinal ela tirou a virgindade dele e ele acabou ficando com ela até hoje, quase 9 anos e eu. Marlon, beirando a idade de Cristo, sabendo das coisas, sendo um franco atirador no ápice de sua mira. 

O dia seguiu de uma forma como há muito não rolava, citávamos Bukowski, Kafka, Max Wilson e outros, riamos, bebíamos, fumávamos e ouvíamos música. Só havíamos ficado eu, Fernando, Elias e o Jorge que era o dono da casa. Jogávamos e ouvíamos Husker Du.

- Porra, cansei de jogar, vamos só beber! – Disse Jorge

Assenti com a cabeça, Fernando se levantou e quase caiu, sentou no sofá gargalhando e dormiu.

- Jorge, como você está? – Perguntou Elias, que ainda se mantinha inteiro.

- Estou bem mano, 1 mês solteiro, sem chateações, festas e bocetas novas.

- Porra, isso é ótimo, mas eu pensei que você estava zoado, eu pensava que você gostava dessa.

- Mano, eu gosto de quem eu estou, algumas suporto mais tempo, outras menos, mas no geral, eu sou o amor e amo todas!

- E você Marlon?

- Na mesma mano, eu continuo solteiro e estou bem comigo, só gostei uma vez e me destruiu totalmente. – Respondi.

- Era aquela mina do Telemarketing, de anos atrás? Ainda essa?

- Sempre essa mano, ainda me lembro todos os dias.

- Caralho mano, como assim? Não desencanou?

- Claro que desencanei, hoje em dia se ela aparecesse, não iria querer nada, iria dar um oi e ir embora, ela me quebrou duas vezes, não tenho mais culhão para uma terceira.

- Mas então como você diz que lembra dela todos os dias?

- Sempre que eu vejo o verde, lembro dos olhos dela, vejo cabelos cacheados, lembro dos cabelos dela, calço minhas meias e roupas pretas, me lembro dela, como mostarda, lembro dela.

- Como assim?

- Como assim o que?

Jorge dormia, sentado na cadeira, a bituca do cigarro havia caído no chão, o copo de vodca, pela metade estava ao seu lado, me levantei e peguei, virei numa talagada, fui a cozinha e peguei duas latas de cerveja, dei uma para o Elias.

- Anda mano, me explica!

- Explicar o que?

- Qual o motivo da meia e roupa preta te lembrar ela!

- Eu sempre curti roupa, meia preta e mostarda, eu mostrei para ela como isso era um dos ápices de vida.

- Caralho mano, você realmente ama essa mina.

- Vou amar sempre, isso que me quebra, mas já percebi que isso nunca vai acontecer.

- Você nunca mais falou com ela?

- Depois do fim, duas vezes, uns 3 anos depois de terminarmos, nos falamos por 1 mês, nos vimos 
duas vezes, mas ela namorava e optou por ficar com o namorado, depois de uns 2 anos, me ligou para pedir desculpas, disse que precisa saber se eu iria desculpar.

- E o que você fez?

- Desculpei, diabos, era a única coisa a fazer, ela foi importante demais, eu vivi um grande amor, que durou pouco, foi rápido demais, eu penso o porquê deixei isso acontecer, que merda, puta merda... Que raiva.

- Cara, eu pensei que estava fodido, mas você. Bem foda.

- Pode crer. Virei a minha lata em uma única talagada, levantei e fui buscar outra.

Aproveitei para calibrar mais um copo de vodca. Voltei para sala e o Elias estava apagado, só eu havia resistido, fui para sacada, acendi um Lucky Strike, traguei e soltei. Pensei nela, no seu sorriso e em seu cheiro, às músicas sempre em sintonia, as conversas, as risadas, as passadas de mão o sexo, senti falta de tudo isso, será que um dia eu vou descobrir como é viver ao lado dessa pessoa? Talvez eu nunca descubra. Eu vivo, vivo bem, passei 6 meses com ela, já passei 3 décadas sozinho. Fiquei ruim durante muito tempo, um dia me levantei e voltei a viver, simples assim.

terça-feira, 22 de março de 2016

Todo dia

Todo dia durmo, ou na maioria dos dias.
Todo dia como, ou quando tenho dinheiro.
Todo dia cago, se eu não estiver com prisão de ventre.
Todo dia fodo, ou quando arrumo alguém.
Todo dia mijo, mais de uma vez por dia.
Todo dia leio, mesmo se não for algo importante.
Todo dia tenho medo, mesmo quando estou sorrindo.
Todo dia clamo Deus, mesmo se for metaforicamente.
Todo dia respiro, isso faço o dia todo, toda hora.
Todo dia vivo o dia todo, ou enquanto eu estiver vivo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Nunca comi uma oriental!

Estava meio assim sem jeito, me sentia desconfortável na minha vida. Um estranho na minha mente. Nunca tive ambição, sempre me importei o mínimo possível que alguém precisa se importar para ter uma boa vida, o mínimo de dignidade e uma justa e pacifica calma sempre me bastou. Estava vivendo, havia perdido alguns bons anos da minha vida entre namoros, ganhei nos namoros alguns anos a mais, mas pouco me importa isso agora, estou bebendo e fumando pelo tempo que fiquei amansado para compensar o que deixei de fazer e vou retomar minha expectativa de vida, ou seja, viver pouco.

Aquele dia estava uma merda, chuvoso, frio e eu estava deitado na cama ouvindo radio, tocava Eyes Of The Sky do Jeferson Airplane, eu piro nesse som, eu era a personificação do brega, eu era o Reginaldo Rossi , eu podia viver e morrer como um cantor brega, eu sou brega e muito bem resolvido com isso. Meu celular tocou.

- Alo.
- E ai Marlon, é o Pedro, o que está fazendo além de nada?
- Deitado.
- Vamos chapar?
- Está chovendo, uma merda de dia!
- Porra, larga de ser fedo de cu, cola aqui em casa e vamos beber, você mora ao lado do metro, eu também, breja dentro de casa sai barato.
- Quem está ai?
- Todo o pessoal!
- Sua irmã está ai?
- Vai se foder Marlon, deixa minha irmã de fora.
- Está ou não está, pergunta simples e resposta monossilábica, é só o que eu quero.
- Está, mas você sabe que não pega ela.
- Com todos os demônios, você acha que eu não sei disso! Em 30 anos de vida eu nunca peguei uma oriental, mas é bom olhar para sua irmã, corpo de gueixa man.
- Eu também nunca peguei uma, todas parecem minha irmã.
- Hahahahahaha, pode crer. Bem, vou tomar um banho e sair, chego ai já já.
- Boa man.

Desliguei o celular e levantei, separei uma camiseta, cueca e jeans e fui ao banheiro, dei uma boa cagada fumando um cigarro, cuspia no cesto e batia a cinza por cima. Joguei meu cigarro na privada e dei descarga, me limpei, abri o chuveiro e tomei uma ducha rápida...

Já estava descendo no metro Ana Rosa, passei no Pão de Açúcar, comprei um fardo com 18 Skol e desci sentido ao prédio do Pedro. Cheguei,  me identifiquei ao porteiro e em poucos minutos já estava em frente ao seu apartamento tocando a campainha, o som estava alto, tocava Stone Temple Pilots. A Porta se abriu e lá estava a irmã do Pedro.

- Oi Carol, tudo jóia?
- Marlon... Entra...

Aquela garota me amava, havíamos sido feitos um para o outro, ela só não sabia disso ainda, iria foder aquela boceta horizontal todos os dias da minha vida, iria levar suco de laranja e temaki na cama para ela. Iria lavar seus cabelos lisos e pretos e iria beija-la com todo o amor do universo. Nossa vida seria boa e honesta, levantaríamos cedo, tomaríamos café, daríamos um beijo, iriamos sair juntos para trabalhar, voltaríamos quase na mesma hora, ela iria fazer Sopa de missoshiro para janta, tomaríamos banho e treparíamos, dormiríamos abraçados e daria um beijo tenro em sua testa. Nossas vidas estariam entrelaçadas e felizes para todo o sempre.

- Marlon, seu grande verme. - Pedro gritou, já um pouco alterado quebrando meu sonho.
- Sua irmã não gosta nada de mim.
- Esquece minha irmã man.
- Mas o que eu fiz?
- Porra, o que você fez? Tá de sacanagem, na ultima vez que veio aqui, ficou completamente bêbado, saiu do banho pelado, tentou abraçar ela e babou e suou por todo o sofá!
- Pelo menos não me mijei, né.
- Você é o cara mais repulsivo e escroto que já conheci na vida!
- Pode apostar que já ouvi isso há uns anos atrás.
- Não aposto. Não tenho dúvida.
- Toma, coloca essas cervas na geladeira, estão geladas, mas podem melhorar.
- Beleza, paizinho, só chegou o Wagner e o Luciano.
- Vem quem?
- Chamei uma galera, mas com esse tempo fodido, vai saber quem vem!
- Existe alguma possibilidade desse seu caralho pequeno ter chamado algumas garotas?
- Não, hoje são só homens falando merda.
- Tenho impressão às vezes que você sonha em ser enrabado por mim.
- Vai se foder! Não quero ter sífilis.

Dei um abraço no Wagner e troquei uns socos no ar com o Luciano, já não os via há algum tempo, e isso me deixou mais animado do que olhar para a cara amarela do Pedro.

- O que tem feito Wagner?
- Cara, só chapando, doce, maconha e bebidas.
- Da pesada heim.
- Que nada, estou leve, maneiro, sou meninão de novo.
- E você Luciano?
- Eu estou trabalhando para caralho, minha namorada me deu um chute na bunda.
- Namoradas veem e vão, fique sozinho e transe com o máximo de garotas que sua pica permitir.
- Não tenho mais 20 anos amigão, estou bem sofrido.
- Vai ao prostibulo. Garanto que alivia.
- Nem fodendo dar 200 pratas para foder.
- Mano você dá muito mais do que 200 pratas quando está namorando e ainda recebe cobranças, escuta acusações, desculpas para não trepar e toda a lenga a lenga de mulheres.

A Irmã do Pedro estava passando nessa hora, me olhou com um olhar cheio de ódio, eu sorri e acendi um cigarro ela saiu com cara de tartaruga.

- Ela me odeia senhores!

O riso foi geral, o Pedro entrou na sala com uma lata de cerveja e um copo de 1 litro desses de combo de cinema, abarrotado de Vodca com uma leve lembrança de Schweppes, dei um gole e por muito pouco não vomitei tudo, respirei, dei um trago na minha cerveja e uma tragada no cigarro, pronto, eu podia dominar o mundo.

Ficamos jogando Poker e matamos umas 47 latas em 4 pessoas e 2 garrafas de Smirnoff, eu fiquei maluco. Acordei com o sol batendo em minha cara, estava jogado no chão, sem camiseta e tênis, o Wagner estava no sofá, roncava feito um porco, nem sinal do Luciano. Levantei, fui para a sacada, a porta havia ficado aberta, estava sol, mas de noite deve ter feito um puta frio, eu estava congelante, peguei meu cigarro e acendi, a fumaça subia de forma compassada, um milagre de DEUS, minha cabeça dava pontadas horríveis, minha voz eu sentia que estava totalmente cagada, estava vivenciando uma ressaca daquelas e tentava lembrar algo da madrugada, não conseguia me lembrar de nada, fui em direção a cozinha, abri a geladeira, dei uma golada na garrafa de agua até me babar, foi um alivio, ainda tinha 1 lata a salvo, peguei, abri e matei em uma única talagada. Voltei à sala, calcei meu tênis e vesti minha camiseta, não achava minha jaqueta, fui dar uma olhada no quarto do Pedro. Ele estava apagado, barriga para cima, ronco, achei minha jaqueta, peguei, sai e fechei a porta, a porta do quarto da irmã do Pedro ficava em frente, resolvi dar uma espiada, abri e me deparei com ela totalmente nua, seus seios, rosto nipônico, seus pelos da xota. Dormia profundamente e ao seu lado, sem roupa alguma e também dormindo estava o Luciano com sua pica mole de 20 centímetros. Fechei a porta e resolvi ir embora, não acordei o Wagner que ainda roncava feito um porco no cio.
Alguns caras tem toda a sorte do mundo, eu vou me virando com minha voz rouca, minhas ressacas e meu subemprego, não se pode ter tudo. Mas uma coisa eu tenho certeza, nunca comi uma oriental e nunca irei comer.




sábado, 28 de novembro de 2015

Talvez um pouco de cada coisa

Um homem que bebe.
Um homem que fode.
Um homem que vai a igreja.
Um homem que vive de ressaca.
Um homem que trabalha em um emprego de merda e assiste telejornal noturno.
Um homem que caga.
Um homem que tem fome.
Um homem infeliz.
Um homem cinza.
Um homem que se tornou o que não queria.
Um homem em um subemprego.
Um homem ateu.
Um homem sem dinheiro.
Um homem que mente.
Um homem que viaja.
Um homem que mata.
Um homem amarelo, branco, negro.
Um homem que finge estar tudo bem.
Um homem que não tem certeza de nada.
Um homem com câncer.
Um homem morrendo.
Um homem sofrendo.
Um homem subnutrido.
Um homem com falta de culhão.
Um homem que não é assim tão homem.
Um homem que não faz sexo oral.
Um homem que tem nojo.
Um homem que se mija, se caga, vomita... Quando está bêbado.

Conheço alguns desses homens,
me vejo em alguns deles.
Somos todos um pouco de tudo.
Existe problema nisso?

Viva e faça o que achar que é o certo!

sábado, 20 de junho de 2015

Sufoco

Se desejar algo, vá atrás
Se quiser algo, vá atrás
Se almeja algo, vá atrás
Se sonha com algo, vá atrás

Eu gozo com a vida, quero a vida
Eu cometo erros
Eu sempre estou bêbado
Eu estava adormecido quando pensei em mudar
Eu estava chapado quando acordei
Eu precisava somente de mim mesmo
Eu era a minha própria reliquia
Eu coloco minha cabeça no travesseiro e tudo roda
Eu cometo erros
Todos cometem, e assim a Terra segue o seu curso
Que DEUS me abençoe.

Ninguém vive como Charles Bukowski hoje em dia.

Era tudo um pedaço de merda,
Levantar, escovar os dentes, cagar, tomar banho.
Tudo que sempre praguejei me tornei,
Já tinha virado cinza, não sabia quando e nem como,
Mas havia me tornado tudo que sempre repudiei.

Eu sempre fui o dono da verdade, minha verdade,
Eu sempre prometi não fracassar,
Contas chegam, bebida e cigarro aumentam.
Vamos viver, vamos pagar e vamos votar e entrar na dança.
Ninguém vive como Charles Bukowski hoje em dia.

Eu queria ter mais tempo.
Eu queria beber mais, viver mais, fumar mais, cagar mais.
Eu sempre prometi não fracassar.
Contas chegam, bebida e cigarro aumentam,
Eu Fracassei.
Eu não vivo como Charles Bukowski hoje em dia.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

CENTRO

Eu gosto do Centro, vivo nele, caminho nele
Gosto daqui, isso me faz bem, eu voltei a viver.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!

Em muita coisa eu acredito, e o centro me faz bem
Andar pelo Anhangabaú, acender um cigarro e tossir.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!

Viciados em crack me abordam, querem me roubar
Não tenho nada, e continuo a caminhar.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!

Minha vista é espetacular, aqui eu quero pra sempre morar
No Centro de São Paulo eu vou ficar.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!
Mendigos e cheiro de urina, já me acostumei...

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Max Wilson parte III

Olha ele novamente, com seu charme a zero, sua cara continuava parecendo areia mijada, seu humor continuava seco, seu olhar era duro, olhar de quem sabia de alguma coisa, sua barriga pendendo para frente de forma melancólica, através da camiseta notava-se peitinhos mais parecidos com uma menina de 13 anos do que de um homem que havia vivido bem, muito bem. O cabelo penteado para trás de forma descompassada. Viam-se falhas de quem estava a um passo da calvície. Ele estava destruído, os anos haviam sido bastante cruéis com ele, não à toa, ele havia pegado pesado com bebidas, cigarros, drogas e algumas mulheres. Ele era o rei da DST, gonorreia era o seu baluarte.
Max Wilson havia acabado de lançar seu ultimo livro, e estava vendendo mais do que nunca, ele continuava odiando o que escrevia... Não pintava mais fazia alguns anos, Max Wilson só fazia aquilo que tinha vontade, a escrita fluía, pois tudo que ele fazia era algo que pode se escrever, vender e ser bom.
Max Wilson acordou às 10hr00 da manhã, nunca acordava antes dessa hora, ele dizia que isso era a fonte de sua vida, socou o dedinho na beira da cama, perdeu a unha, praguejou, uma lagrima escorreu de seu olho esquerdo. Foi ao banheiro, abriu a torneira, deixou a água corrente cair por suas mãos calejadas durante alguns bons segundos. Lavou o rosto, abaixou a cueca, levantou a tampa da privada e cagou, na hora de se limpar percebeu um pouco de sangue, seu estomago embrulhou, vomitou na pia, o vômito era pura água, ele estava se desfazendo do resto de vida e dignidade que tinha. Sua cara estava amarelada, se sentia quente e com o estomago retorcido. Max Wilson sabia que isso não era normal, mas ele jamais ia ao médico, ele não era o tipo de pessoa que se cuidava, ele estava sempre se automedicando de bebidas alcóolicas, sempre que se sentia mau, virava algum destilado qualquer e podia se sentia melhor, dessa vez não foi diferente, preparou um bom gin com tônica e virou em uma talagada. Seu telefone tocou, antes de ir atender, abriu a geladeira e pegou uma lata de cerveja.

- Alô!

- Max Wilson, sou eu, tenho novidades. Disse Luiz seu editor.

- O que é?

- Você foi convidado para uma entrevista na Rolling Stones.

- Não dou mais entrevistas!

- Max Wilson, para com isso homem, aquele rapaz não morreu por sua causa.

- Eu havia gostado dele, ele me visitou algumas vezes, bebericamos juntos, jogamos conversa fora, e ele saindo bêbado daqui bateu a porra do carro.

- Ele era um bom garoto Max Wilson.

- Era sim, por isso não quero jornalistas nunca mais!

- Mas isso vende livros, Max Wilson!

- Porra, mas que diabos, sou um gênio, não preciso de entrevistas para vender livros, estou me lixando se eu vender livros, tenho dinheiro como nunca tive, não gosto de ter tanto dinheiro, não gosto de ser cool para essa molecada estupida que ouve músicas ruins, que é descolada só para pegar menininhas e que pensa que sabe tudo sobre a vida. Eu sei sobre a vida, eu vivo, eu penso e eu bebo.

- Max Wilson, você precisa rever seus conceitos, você precisa se integrar aos novos tempos.

- Luiz, seu sacana de merda, você acha que pode me vender assim¿ Eu sou o talento, você é só o relações publicas, todo o trabalho pesado, às bebidas ruins, as bocetas gordas e fedidas são a minha parte mais lúcida. Eu fodo a merda para te dar o mínimo de dignidade na vida, seu carro, sua casa, o silicone da vaca da sua sua chupadora, vulgo mulher, suas viagens para a Europa, sou eu que pago tudo, e agora você me vem com essa merda. Vai tomar no seu cu sua lêndea! SOU EU QUE ME FODO SEU PUTO.

- Okay, okay, eu desito.

- Passar bem!

Max Wilson desligou o telefone, acendeu um cigarro e deu um peido, finalmente se sentiu bem aquele dia.
A lata de cerveja acabou, preparou mais um gin, acendeu mais um cigarro e pensou em ligar para alguma vagabunda sem classe para meter, mas logo desistiu da ideia, suas forças não eram bastante limpas para o sexo, resolveu usar a carga que tinha aquele dia para beber, talvez escrevesse muito provável que não aconteceria, Max Wilson não estava legal aquele dia.

A tarde foi passando, comeu dois ovos cozidos com páprica, bebeu um suco de laranja com vodca e foi para sacada, estava pouco ligando de estar apenas de cueca, ficou olhando para o transito da rua durante mais de 1 hora, estava se sentindo estranho, tentava saber o motivo, mas estava com medo de ir a fundo nesse pensamento, olhou para os seus pés, estava sem uma das unhas quebradas, o sangue estava pisado, seu dedo roxo. Acendeu um cigarro, tossiu sangue, se sentiu tonto e caiu para trás, bateu a cabeça no trilho da porta de correr, um corte logo se abriu, levantou após alguns minutos tonto, largou a bituca do cigarro no chão, respirou e começou a enxergar melhor, iria tomar um banho, deitar e descansar, aquele dia não estava bom, e finalmente Max Wilson havia percebido, tirou a cueca, jogou em cima do sofá deu dois passos e sentiu seu corpo adormecer, tentou gritar, sua voz não saiu, sua boca estava torta, caiu de lado, ao lado da bituca do seu cigarro, a cabeça sangrando, o dedinho do pé roxo, seu corpo dormente, começou a ter espasmos e a visão ficou enegrecida, sabia que a morte estava lhe dando a mão, se cagou e mijou, começou a engasgar com o próprio vomito. Max Wilson pensou em sua vida, em suas pinturas, em bocetas, em seus textos, enquanto estava tendo um derrame pensou em um cigarro, suspirou e seu coração parou de bater... Aos 36 anos Max Wilson morreu!

Seu corpo foi achado alguns dias depois, nu, com uma aparência terrível, seu editor deu algumas entrevistas, mostrou algumas fotos e lançou edições de colecionador de seus textos. Max Wilson, uma lenda vida, agora morto valia muito mais. E onde quer que Max Wilson esteja, sempre lembraremos dele.



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Aos 28 anos, senti inveja!

O relógio marcava 18hr17, eu estava sofrido em frente ao mercado próximo do meu trabalho fumando um bom Lucky Strike, os tragos eram ao mesmo tempo nervosos e cansados. Era sexta-feira, havia trabalhado a semana inteira, estava em frangalhos, trabalhar das 08hr00 Às 18hr00 todos os dias e levar quase duas horas para ir e mais quase duas horas para voltar estava me matando. Dei o último trago daquele cigarro, joguei ao chão e pisei, pisei como se estivesse pisando na cabeça de todos aqueles que fodiam com a minha vida. Entrei no mercado para comprar uma cerveja.
Caminhava a passos lentos dentro do mercado, olhando todas às gôndolas, prateleiras e a merda toda que tem nesses lugares, o mercado estava vazio, Graças ao bom DEUS, odiava aglomerados de pessoas e odiava mercados, quando tinha que ir em um, quanto menos pessoas, melhor e mais saudável.
Estava no corredor das bebidas, fui direto ao freezer de cervejas, peguei duas latas de Skol, era tudo o que meu misero dinheiro pagaria, estava duro, mas pelo menos iria sentir um pouco do gosto da felicidade, alguns jovens de boa aparência entraram no corredor, eles sorriam homens e mulheres, com sorrisos brancos, cabelos bem cortados, roupas caras, estavam muito bem alimentados. Eram todos uns belos pedaços de carne. Instantaneamente me senti um completo trapo. Eles pareciam muito felizes, aqueles caras tinham tudo, dinheiro, mulheres, bons estudos, viagens, celulares da moda, automóveis. Tinham cara de que nunca haviam passado necessidade alguma, que tinham tudo de forma fácil, e pela primeira vez em 28 anos me senti com uma inveja. Eu era um caco, havia passado fome inúmeras vezes, nunca tinha dinheiro o suficiente para nada,  meus dentes estavam amarelados, meu cabelo precisava de um corte, minhas camisetas estavam manchadas no sovaco por causa de desodorante barato, minha barriga estava molenga e eu estava tão inchado que até a Pâmela Anderson teria inveja dos meus peitos, eu era a típica personificação da desgraça humana. Não me lembrava ao certo da época em que tinha uma boa aparência, garotas e vivia com minha mãe. Havia perdido todas às coisas boas que conquistei. Bebidas e cigarros me consumiam assim como cagalhões consomem o Rio Tiete. Aqueles jovens pegando cervejas importadas e whiskeys estavam me dando nos nervos, virei às constas e fui em direção ao caixa com a cabeça baixa.
“Diabos o que está acontecendo comigo? Sempre caguei para tudo e todos! O que mudou?” Pensei de forma triste, estava depressivo com certeza aquele dia, com certeza era a falta de dinheiro que me consumia.
Escolhi um caixa, relativamente vazio, uma pessoa passando no caixa e outra na minha frente, com um cesto com ovos, queijos, manteigas, torrada, alface, sucos e algumas maças. Fiquei olhando para o pacote com maças e tentando adivinhar quantas tinham para tentar distrair a minha mente, estava quase tendo êxito, já pensando em um bom som quando chegasse em casa, pensando em tirar minhas roupas, cagar, tomar uma chuveirada, e ficar deitado de cueca olhando para o teto  até pegar no sono. Meus pensamentos foram interrompidos por risinhos, olhei para trás e lá estavam os jovens bem alimentados, com alguns cestos com boas garrafas de bebidas, cervejas e falando sobre a faculdade de medicina, minha cabeça estava consumida por inveja, ódio e qualquer outro sentimento, qual era a justiça divina? Eu nunca tive as oportunidades de ter 1/3 da vida deles, eu nunca teria o conhecimento que lhes foi dado, eu nunca teria o dinheiro para ser um médico, fisioterapeuta, dentista. Talvez eu até fosse um excelente cirurgião se tivesse tido às chances, mas eu jamais saberia, nunca iria ter aquela vida, nunca teria um corte de cabelo tão descolado, bons jeans, automóveis do ano, o melhor estudo, experiências internacionais.
Minha vez de passar no caixa chegou.

- Nota fiscal paulista?
- Sim. - Respondi secamente.
- Pode digitar!

Digitei todos os números, apertei o enter e olhei os números novamente para confirmar, estava correto, iria faturar meu centavo do governo, apertei o enter novamente. A Caixa passou minhas duas latas.

- R$5,38, qual a forma de pagamento?
- Dinheiro.

Abri minha carteira, peguei uma nota de cinco e uma de dois e lhe entreguei.

- Seu troco, obrigado e boa noite!

Fiz um leve aceno com a cabeça e sai andando, deixando para trás os bem alimentados. Me restava na carteira R$1,60, ela não me devolveu 2 cents. Peguei um cigarro, acendi, traguei e expeli a fumaça azulada do meu cigarro, abri uma das latas e bebi numa talagada, abri a outra e fui em direção ao metro. O caminho ainda seria longo.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A pior perda do mundo

Já não era mais igual, havia perdido o que conhecia melhor na vida.
Perdi de forma inesperada, de forma brutal pra mim.
A morte havia peidado na minha cara.
Sinto-me fraco, meio perdido!

Nada seria mais igual, havia perdido o que conhecia melhor na vida.
Perdi de forma inesperada, de forma brutal pra mim.
A bebida e o cigarro aumentaram,
A tristeza batia na porta a todo momento.

Só queria que não tivesse acontecido, perdi o que conhecia melhor na vida.
Perdi de forma inesperada, de forma brutal pra mim.
Ainda não entendo,
Não escrevo, não sorriu como antes, não sou mais o mesmo.

Porque quem mais me amou foi levada?
Perdi de forma inesperada, de forma brutal pra mim.
Acendo um cigarro, olho para uma foto e ainda acho irreal.
Sabemos que algo irá acontecer um dia, mas quando o dia chega, é muito difícil aceitar.

Ela foi a maior, me amou incondicionalmente, me fez ser o melhor possível.
Perdi de forma inesperada, de forma brutal pra mim.
Irei superar por ela, irei viver por ela, tomarei um drink por ela, serei grande por ela,
Obrigado por tudo MÃE.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Achaque

Estava tossindo feito um cão do inferno.
A tontura e o vomito eram meus melhores amigos, um de cada lado.
Me batiam, riam e peidavam na minha cara.
- Eu sou um grande apedeuta. – pensava

Alguma coisa mais se aproximou de mim,
Me cercou feito um animal faminto,
Senti seu cheiro podre, cheiro de carne queimada.
O hálito era quente,
Não estava me sentindo preparado.
A tontura e o vomito eram meus melhores amigos, sempre estavam ao meu lado.
Me batiam  e peidavam na minha cara.
Mas eu já estava acostumado.
Fechei os olhos, dormi e não acordei mais.

Mais uns anos de vida

Foi na noite que estava bêbado que há conheci.
Fomos apresentados.
Pensei que ela fosse inalcançável para mim, um bêbado e drogado.
Conversamos algo sobre Bowie, me sorriu, nos beijamos.
Diminui com os excessos!

Ganhei mais alguns anos de vida.
Cantamos, dançamos, fodemos e bebemos.
Ela é com certeza uma grande mulher, a melhor que eu jamais imaginei um dia conhecer,
Deu-me mais uns bons anos de vida.

A minha realidade

- Você sabe o que fazem na Índia? – Pedro me perguntou.
- Eu quero que a Índia e você se fodam! – respondi levantando o dedo indicador para o alto.

Não quero saber nada,
Sou alienado, estou farto.
Olho por olho, dente por dente.
Não existe melhor ditado.
A Vida sempre foi assim comigo, sempre me fodeu.
Nós lutamos, eu nunca ganho e já estou vacinado.
Peidei e virei meu conhaque.

Tudo que faço!

Sempre há emoção em cada drink.
Do primeiro ao último, me sinto bem.
Sou um beberão, subjulgo a minha vida.
Vivo, canto, danço, bebo, fumo, como, fodo, peido, cago, durmo...

Amanhã vou acordar cedo. Proletário.
Feliz?
Claro!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Um cu como uma bomba H

Mike me disse que pode peidar como uma bomba H
Bebemos cerveja e nos olhamos
Mike falou novamente sobre a potência do seu peido
Bebemos mais cerveja e voltamos a nos olhar
Mike peidou
Alto, fedido, o peido mais fedido já registrado pelo meu olfato
Corri para o banheiro, vomitei.
Voltei, sentei, bebemos cerveja e pedimos conhaque
Voltamos a nos olhar
E Mike voltou a peidar com o cu de bomba H
Ele riu
Eu não
Quase vomitei, mas sabem o que dizem sobre seres humanos se acostumarem ao cheiro ruim,
A vida seguiu.

Nunca mais bebi com o Mike
Não sei se ele ainda está na ativa
Bebi mais cerveja e pensei na vida
Peidei...

terça-feira, 30 de abril de 2013

Tarde de calor

Suor, dor de cabeça e sol,
Cana
Sol na cabeça
Ressaca
Meu ultimo trocado foi gasto com cerveja e cigarro.
Sempre fui irresponsável
Mas vivo, e bebo.
Preciso de ódio, preciso de amor, preciso de aplauso.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Minhas companhias.

Uma garrafa de vinho barata,
Um cigarro queimando a cada tragada.
Bebo um trago do copo de vinho, dou uma tragada no meu cigarro e me sinto vivo.

A Solidão muitas vezes é melhor do que qualquer companhia.
Me faz pensar, me faz viver!
Nada de conversas curtas, papos chatos e olhares cinzas.
Medo de ficar sozinho, todos temos.
Mais o importante é ter classe para levar a vida da melhor maneira possível.

A minha vida, eu levo na bebida, no cigarro e na música.
Escrita, livros e escritores, no geral me enchem.
Mais ainda sim, noutro dia, torno a escrever.
E continuo sendo repetitivo e chato,
Talvez preciso de aplausos, talvez preciso de um tapinha nas costas;
Talvez preciso de mais uns tragos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Nada para fazer!

O tédio domina. Nada para fazer;
Cabeça vazia, vontade de beber.
Um único pensamento, bebida!

Levanto da cama, acendo um cigarro e penso em cerveja,
Desajustado, não manipulado, egocêntrico, degenerado.
Os pés suados se mostram preocupados.
A mente em qualquer outro lugar menos onde deveria estar!
Levanto a cabeça, pigarreio, me sirvo de um drink e vou me deitar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Dirley e o passeio no nordeste.

- Porque você precisa ser sempre um merda prepotente? - disse Rafael com aqueles olhos esbugalhados e cara sofrida.
- Vai tomar no cu seu monte de merda.
- Você é cheio dessas Marlon, arrogante, se acha melhor do que todo mundo!
- Eu não sou melhor do que todo mundo, sou melhor do que você, apenas você, seu cretino! – disse apontando o dedo indicador em direção ao seu rosto.
- Porra, vocês sempre tem que brigar, coisa chata, se for pra ser dessa forma, prefiro que vá embora da minha casa.
- Sossega seu facho Pedro, eu estou apenas expondo minhas opiniões musicais, Green Day não é uma banda decente na minha opinião. E eles fazem músicas para retardados. – teci meu comentário de forma áspera.
- Você se acha o dono da verdade e pensa que conhece todo o mundo musical. Me passa o vinho!

Passei o vinho pro Rafael, peguei um palito de dente, furei um pedaço de queijo e um de presunto cortado em cubo e levei a boca, enquanto mastigava de boca aberta olhando para ele com a fulminação no olhos.

- Estou indo embora Pedro, não da para simplesmente ter um bom papo quando o Marlon está por aqui.
- Não precisa ir embora Rafa!
- Cansei dele, só você aguenta esse sujeito.
- Já vai tarde. – disse levantando as mãos para o céu em sinal de louvor.
- Quem vai embora é você Marlon, o Rafael fica!
- Sem problemas, fiquem ai e se chupem. Estou pouco me fodendo para vocês seus bostas.

Peguei minha jaqueta, tirei meu iPod do dock station, o silencio tomou conta da sala, ficamos nos olhando brevemente, virei as costas fui a cozinha, peguei duas latas de cerveja, coloquei uma no bolso, e abri a outra, dei uma boa talagada. O silencio continuava a reinar, olhei para os dois, dei mais um gole na minha cerveja. Mostrei o dedo do meio, fui em direção a porta, abri e sai, deixei a porta aberta e matei a cerveja, joguei a lata para dentro do elevador. Chamei o elevador, esperei um pouco, fiz um esforço para tentar ouvir algo lá dentro porem o silencio continuava a reinar. O elevador chegou, abri a porta e entrei, apertei o térreo e desci, na rua abri a outra lata, acendi um cigarro e fui até a estação mais próxima.
Peguei o metro na estação São Judas, rumei para o Paraíso pensando no que faria, tinha algum dinheiro, alguma coisa eu faria, coloquei o fone de ouvido e comecei a escutar Wolfmother.
Cheguei ao meu destino, ainda não sabia ao certo o que fazer, desliguei o meu iPhone e sai em direção a Rua Domingos de Moraes, na esquina da Eça de Queiroz tinha um bar aberto, tocando musicas bregas nordestinas, me encostei no balcão.

- Me da uma Skol.
- Tem que pagar primeiro xodó.

Odeio quando esses caras me chamam dessa forma, peguei minha carteira, tirei uma nota de dez e entreguei pra ele.
Ele me trouxe uma garrafa de Skol e duas notas de dois reais bastantes sofridas, me servi e fiquei olhando para a cara dos pobres coitados que estavam naquele bar, calças cheias de bolsos, camisetas floridas, orelhas de abano, brincos dourados, luzes nos cabelos, eles eram muito feios, aquilo me constrangeu. Era um bar tipicamente nordestino, com músicas ruins, garçons com cabeças chatas e pratos típicos que fedem a merda de bode. Dei risada, da casa do Pedro para aquela espelunca, que extremo desagradável, e tudo culpa daquele verme do Rafael
Tomei mais um gole da minha cerveja, desceu bem, um cheiro doce passou ao meu lado, cheiro de perfume de prostituta barata. era uma garota muito gostosa, rebolava o traseiro de forma magica, tinha os cabelos lisos e bem pretos até a cintura, usava um vestido vermelho e salto alto, e sabia muito bem rebolar aquele traseiro. Olhei, foi inevitável, não consegui disfarçar. Ela foi ao guichê de cigarros, comprou um maço de Dallas e voltou, andando em minha direção, fiquei olhando em seus olhos, era bonita a filha de uma quenga. Ela passou por mim e eu acabei pensando alto.

- Babe, você é muito boa.

Ela me olhou, me mediu de cima a baixo e me fulminou com os olhos. De certo não gostou de mim, eu sorri enquanto ela ainda me olhava e dei uma piscada.
Ela foi correndo para um lado do bar que eu não conseguia visualizar, aquilo me botou medo, se ela fosse chamar alguém eu poderia me foder, eu olhava para a frente e só via homens de um metro e meio, e me sentia bem forte, mas já havia ouvido muita coisa sobre como eles riscam suas facas em barrigas de pessoas honestas e boas como eu. Virei minha cerveja o mais rápido possível, não iria ficar ali para descobrir nada, assim que tomei o ultimo gole de cerveja do meu copo e me senti aliviado por poder ir embora ouvi uma voz horrível as minhas costas, um sotaque de merda.

- Dirley, foi esse homi que se ingraço para cima deu.

Me virei, e vi o Dirley, um rapazote de quase dois metros, forte, bem branco, com os cabelos pretos penteados para trás, uma camisa de linho, calca social e sapato, um belo pedaço de carne que me amedrontou com os olhos verdes frios que me lembrava a morte.

- Ai rapaiz, você si engraçou com a muié errada. disse o belo pedaço de carne com uma voz fina e sofrida.
- Me desculpe Dirley, não sabia que... - tomei um tapa no ouvido direito, meu pescoço foi jogado para o lado como se fosse papel,  senti a quentura no rosto e um zumbido começou a ecoar no meu ouvido, antes de pensar em qualquer coisa, tomei outro do mesmo lado, dessa vez me desequilibrei e cai, pensei que meu pescoço iria quebrar e cai feito uma laranja cai da gondola do supermercado.

- Issu amo, bati nele.
Aquela vadia continuava a incitar para que o belo pedaço de carne continuasse a me demolir, já não bastava ter me deletado para ele, já não bastava os dois tapas na cara. Tomei um chute na cara com o bico daquele sapato, senti minha boca estourar, o gosto de sangue foi imediato, me senti tonto e quase desmaiei.

- Chega Dirley, isso vai dar sujeira pro meu bar, joga esse bosta lá pra fora e mande ele ir embora.

A voz do que eu presumi ser o dono do bar me soou doce só de ter ouvido a palavra "chega". Senti dois homens me levantar, eles me jogaram em cima de uma banca de jornal que tinha ao lado do bar, minha testa bateu na porta da banca com muita força. Fiquei alguns minutos deitado, pensava que devia ter sido mais educado com o Rafael na casa do Pedro, estaria nesse momento, seguro, quentinho e bêbado e o mais importante, inteiro.

Levantei, cai para trás e bati as costas na banca, senti um fisgar em todo o corpo, quase desmaiei, sai andando em direção a Ana Rosa, nem reparei se alguém me olhava do bar, só queria chegar em casa logo. O caminho que era curto parecia uma eternidade, finalmente cheguei ao meu prédio, acenei para o porteiro e entrei. Chamei o elevador, abri a porta, entrei, apertei o botão de quarto andar, subi, cheguei, abri a porta, desci, abri a porta do meu apartamento, fechei, fui para o banheiro, minha cara estava destruída, estava roxo, com os lábios estourados, olhei meus dentes, estavam lá, sorri de leve, lavei a boca, uma lagrima escorreu do meu olho, doía muito. Tirei a blusa a camiseta, fui a geladeira, peguei a garrada de vodca no congelador, fiz uma baita dose, virei tudo, fui para o sofá, liguei a TV, estava passando um programa de entrevistas e variedades de merda, assisti até pegar no sono. Aquela noite sonhei que estava passeando no nordeste.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ressaca


Abri os olhos, respirei, a falta de ar tomava conta de mim, senti meu peito completamente cheio de catarro, meus pulmões pareciam muito mais com o chiar de uma rádio em troca de estação, estava suado, expelindo todo o álcool e nicotina do meu corpo, meu lençol estava úmido. Uma luz fraca passava por uma fresta da janela que eu não havia fechado direito de noite, tentei levantar, senti tontura e um enjôo muito forte, o vômito subiu até minha boca, fui forte e engoli tudo de volta, senti que o cheiro da minha boca estava uma catástrofe, fedia a cu de mendigo, era sofrível a sensação, consegui com muito esforço levantar, estava apenas de cueca, acendi um cigarro, dei a primeira tragada e tossi como se estive morrendo. – “Em nome de Deus eu estava completamente fodido” – pensei. Corri para o banheiro, levantei a tampa e vomitei, vomitei muito, eu sentia contrações horrendas na barriga, acho que aquela dor foi o mais próximo que já cheguei da morte em toda a minha vida. Terminei, dei descarga, abaixei a tampa da latrina, acendi a luz, abri a torneira, peguei a pasta, peguei a escova, escovei os dentes, fechei a torneira, sequei o rosto, apaguei a luz, dei um peido, sai e fechei a porta. Fui para sala, acendi outro cigarro, o outro havia sido deixado no cinzeiro quando fui vomitar e havia sido consumido pelo tempo gasto no banheiro. Expeli a fumaça azulada do meu Lucky Strike Click Roll, me senti vivo. Fui até a cozinha, tomei quase 1 litro de água numa única talagada, a ressaca estava pesada aquele dia, nem ao menos me lembrava como havia conseguido chegar em casa, como sempre, os DEUSES sabem o que fazem e colocam os pobres diabos sofridos e proletários em sua cama depois de algumas bebidinhas. Pois bem, notei 4 latinhas de Itaipava na geladeira, peguei uma, abri dei uma boa talagada, soltei um peido e disse amém.

quarta-feira, 28 de março de 2012

TEASER

Eu estava diferente, bastante diferente, estava em um emprego já fazia um e pouco, estava me dando bem, era adorado pelos meus superiores e amado pelos meus colaboradores, estava com tudo, nem sombra daquele bêbado inconsequente que fodia tudo que colocava as mãos.  “estou ficando velho e criando o juízo que sempre me disseram que existia” eu sempre pensava. Tinha medo de dê repente voltar a ser aquele bêbado inconsequente e bagunçado, realmente estava diferente, a vida tinha me ensinado algo, tinha passado maus bocados nos últimos tempos, tinha um emprego que me pagava extremamente bem, mas as bebidas e as mulheres haviam arruinado tudo, eu chegava sempre bêbado e atrasado, cheirando a álcool e nicotina, tinha o hálito de conhaque todas as manhãs, e aquilo me arruinou ao ponto de eu mandar meu patrão enfiar o emprego no rabo. Tive a sensação de ter FINALMENTE UM POUCO DE LIBERDADE. Porem foi uma liberdade falsa, uma liberdade que me afogou que espremeu meus culhões. Perdi tudo, morava sozinho, tinha dinheiro, bebidas e mulheres, de uma hora pra outra, passei fome, não tinha bebidas, cigarros, e sexo muito menos. Um cara pra ter sexo precisa de o mínimo de dinheiro, pra fazer uma social, bebericar uns drinks e confraternizar com o mundo. Vendi meus discos, meus livros, e tive que voltar pra casa da minha mãe, em Itapevi, vi tudo arruinado, fiquei macambúzio a beça, e demorei a me reerguer, agora que havia conseguido estava finalmente dando valor a algo, estava me empenhando e sonhando com coisas. Havia finalmente voltado a morar sozinho, estava agora morando em Osasco, próximo a estação de trem, então tinha ainda facilidades, não era uma Vila Mariana, perto de tudo, não era lá grandes coisas, mas finalmente estava sozinho de verdade, trabalhava de segunda a sábado, saia de noite, voltava domingo de manhã pra casa, lavava roupas, e descansava tomando umas cervejinhas bem de leve e ouvindo um som de leve, às vezes pintava uma mulher, mas coisa de leve, bem de leve mesmo.
Era sexta, havia trabalhado duro o dia todo, naquele sábado estaria de folga. Sai do trabalho no horário, peguei o trem da linha diamante e fui pra casa. Parei no mercado, peguei uma caixa de cerveja e uma garrafa de vinho, coisa leve, queria relaxar, o trabalho me sugava muito mais do que eu tinha a oferecer, mas eu estava numa boa, estava “de bem com a vida” como dizem. Havia me tornado melhor, estava finalmente na linha, isso me preocupava...
Cheguei finalmente em casa, depois de um longo dia de proletário sofrido. Peguei as latas de cerveja, molhei e coloquei meia dúzia no congelador, o restante ficou na geladeira juntamente com o vinho, tirei minha roupa joguei na lavanderia e fui pra sala, encaixei meu iPod na caixa de som e busquei Motorhead, aquele havia sido um dia difícil, precisa de algo forte, de cuecas fui para o banheiro, dei uma cagada, limpei meu rabo e fui pro chuveiro, aquele banho estava me tornando uns 5 anos mais jovem!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Max Wilson parte II

Finalmente tinha tido minha grande chance na vida, iria entrevistar o grande escritor brasileiro Max Wilson, escritor e pintor, seu último romance havia vendido um bocado de livros, Max Wilson era o escritor da moda, o retorno do “beat”, a forma maldita de se escrever, eu tinha todos os seus cinco livros publicados, e Max Wilson sinceramente havia feito a minha cabeça de alguma forma, sua escrita simples, seus delírios e tudo mais haviam modificado a forma de muitos pensarem o que é realmente literatura. A revista em que trabalhava tinha uma forte circulação nacional, e eu havia sido incumbido de entrevista-lo.

Durante a semana que antecipava a entrevista eu estava nervoso, preparava minhas perguntas e sentia medo dele me achar um completo inútil. Bem foda-se, seja o que Deus quiser, fui para o bar depois do expediente todos os dias e aliviava a tensão regrada a bebidas e cigarros.

O dia finalmente chegou, iria da minha casa direto para a dele, eu morava em Osasco, ele morava na Vila Mariana, fui de carro, tive problemas para achar o endereço, depois tive mais problemas para achar um lugar para estacionar, tinha um Uno Velho, caindo aos pedaços, mas não queria ser furtado de forma alguma, não tinha dinheiro para comprar outro carro, então tive que deixar num estacionamento a quase quatro quadras do prédio do meu herói e desembolsar 20 pratas por 3 horas, iria ser reembolsado, estava na ansiedade, finalmente iria conhecer e entrevistar Max Wilson.

Cheguei ao prédio, um prédio bonito, pintado num leve tom de vermelho. Parei em frente a portaria e pedi ao porteiro que me anunciasse, eram quase meio dia, o sol estava a toda, eu suava feito um porco na brasa, e ainda tinha a questão do nervosismo, veja bem, sou um profissional, mais conhecer o herói não é todo mundo que consegue, e eu, estava finalmente conseguindo. O porteiro apertou um botão e a porta eletrônica abriu. Me falou que o apartamento ficava no terceiro andar, eu meu dirigi Hall do prédio, cheguei ao elevador, apertei o botão de subida e aguardei alguns instantes, o elevador havia finalmente chegado, de dentro saiu uma velha com cara de lesma com sal, ela me disse bom dia, eu respondi e pude perceber dentes medonhos naquela boca, fiquei jururu e mais nervoso do que já estava, entrei, apertei o botão que indicava o terceiro andar, a porta se fechou, o elevador começou a subir e parou no andar indicado, sai fui até o apartamento 20 e toquei a campainha, aguardei um pouco e finalmente a porta se abriu, e lá estava Max Wilson, vestindo uma bermuda amarela, uma camiseta branca com um desenho de aves e chinelo de dedos.

- Olá!

- Olá. Eu respondi com a voz um pouco tremula.

Fiquei olhando em seus olhos, e pude perceber o brilho de sua alma através dele, ele tinha uma cara horrível, cheia de furos, parecia até areia mijada, o cabelo nascia de forma descompassada, um fio caia na testa de um jeito engraçado e um tanto triste, mais em seus olhos via-se vida, via-se uma alma de alguém vivo.

- Garoto, você vai ficar ai parado me olhando ou vai tratar de entrar?

Entrei, ele me indicou a sala, me sentei no sofá.

- Você bebe?

- Sim senhor!

- Senhor? Por Deus, quem resolveu mandar você aqui!

Havia começado mal, consegui ganhar já antipatia dele, tremi, mais fiz uma cara de um sujeito durão!

- Me chame de senhor outra vez, e te expulso daqui a pontapés!

- Ok Chefe.

Max Wilson foi até a cozinha, trouxe um pequeno balde de gelo e dois copos, tinha uma geladeira na sala, ele a abriu, pegou uma garrafa de Chivas e me perguntou se eu queria com soda ou água, respondi que com soda era melhor pro meu estomago, ele pegou uma lata de soda e me trouxe, nos sérvio o Whisky colocou duas pedras de gelo em cada um dos copos e me passou um, abri a lata de soda e misturei um pouco ao whisky, virei minha bebida, ele também. Serviu-nos mais uma dose e eu fiz a mistura com a soda novamente, bebemos um trago e nos olhamos.

- Bem podemos começar! Ele me disse.

- Posso tirar uma foto sua antes?

- Claro boneca, fique a vontade!

Tirei algumas fotos, uma dele bebendo o whiky, uma dele fumando e mais algumas dele bebendo sentado.

- Pronto, acho que já está bom. Max Wilson, qual é tua inspiração?

Liguei o Gravador.

- A vida, a dureza, a fome, o sexo, às diarreias, às ressacas, os foras, às brochadas, as surras!

- Pesado não! Seu primeiro romance foi o Enterrado de pau duro, vendeu muito bem, nesse romance você fala sobre um homem que é aposentado e que transa com a empregada de vez em quando e joga algum dinheiro em sua porta depois do sexo. Você passou por algo parecido?

- Na verdade essa é a vida de um conhecido meu só dei o meu requinte, pois no geral a vida dele é como um cagalhão de mosca, ninguém vê, mais existe.

- Depois vieram Amarrado pelo escroto, Um dia pós-dor de barriga e ressaca e o livro de poemas Qualquer imbecil pode se sentar num banco de bar e fingir que está vivendo, todos de maiores sucesso do que o primeiro. Qual o seu favorito?

- Odeio todos.

- Como assim?

- Acho que errei em algum ponto!

- Explique, por favor!

- Muita gente que não sabe nada do que é viver, acha que vive pois leu meus livros, fico meio pra baixo, mas enquanto alguém comprar, terei dinheiro pra beber, então não é tudo perdido, sabe recebo cartão de pessoas do país inteiro que querem me conhecer, beber comigo, mulheres que querem trepar e essas coisas.

- Você responde essas cartas?

- Só das mulheres que querem trepar!

- Você já foi casado duas vezes, o que aconteceu?

- No geral, quando se tem minha aparência e vive-se como eu vivo, sempre sai algum tipo de merda, só encontro mulheres loucas e que são possesivas, minha primeira mulher a Valéria era completamente desajustada, no começo era tudo lindo, ela fazia ovos mexidos e torradas de manhã, pura balela, depois de um tempo, ela mostrou ser mulher, e mulher é tudo igual.

- Dizem que você é racista, isso é verdade? tem algo contra os negros?

- Nada contra, os negros são legais.

- Você tem preconceito?

- Todos temos não é mesmo!

- O seu último romance Noites mal dormidas e xoxotas mal comidas, recebeu boas críticas, você está sendo fortemente comparado a Nelson Rodrigues e Jorge Amado, o que acha disso?

- Não acredito em críticos, críticos são os frustrados que criticam os outros com a única intenção de nos colocar pra baixo, são como vermes, parasitas que não tem utilidade, nem elogios deles me deixam de forma melhor ou pior, fico indiferente sempre.

Ele virou sua bebida, eu virei a minha, Max Wilson nos serviu mais, coloquei no meu mais um pouco de soda, a soda acabou, ele me ofereceu mais, disse que não precisava que eu beberia puro mesmo.

- Acha que sua escrita tem a essência de algum escritor?

- De todos um pouco!

- Fante, Mailler, Celine, Bukowski, Kerouac?

- Sim de todos um pouco!

- Já leu Crepúsculo?

- Não, mas deve ter algo dele no meu livro!

- Gosta de Paulo Coelho?

- O acho fraco e tedioso, só consegui ler alguns trechos de alguns livros, não tenho saco pra ele!

- Ele é o escritor brasileiro que mais vendeu livros.

- A Dilma também foi eleita por maior parte da população e nem por isso acho que ela é boa!

- O que acha sobre política?

- Não me envolvo em nenhuma causa, odeio todas às causas na verdade.

- Você tem vaidade?

- Não, e também não tenho nada além desse apartamento, não compro roupas, não tenho carro, gasto meu dinheiro com a vida!

- O que você quer dizer por vida?

- Bebidas e prostitutas.

Ele virou seu drink, eu virei o meu, nos serviu novamente, eu dessa vez comecei a beber puro.

- Bem, Max Wilson, o que você tem a dizer para os seus leitores?

- Continuem comprando meu livros.

A entrevista encerrou, já passavam das duas da tarde, matei meu quarto copo. Ele matará o dele.

- Você trabalha bem nas bebidas garoto!

- Faço o possível, a bebida e a música são às únicas coisas que me fazem sentido!

- O que achou dos meus livros?

- Você fez minha cabeça!

Bebemos toda a garrafa, fumamos e falamos sobre bocetas, músicas, e preocupações modernas, Max Wilson não era um homem amargurado com tudo que já tinha passado na vida, os olhos dele brilhavam pra valer, ele tinha alguma coisa, mais eu também tinha, eu me sentia vivo perto dele, ele era um grande escritor, um grande cara. Ele me falou sobre às ideias da sua novela, e me confidenciou que já estava escrevendo, o romance era sobre um cara que trabalha numa gráfica e vive como um robô, e só consegue transar com prostitutas de luxo, eu disse que seria um grande livro, resolvi ir embora, já eram quatro da tarde, não queria pegar o rush paulistano.

- Bem Max Wilson, mandaremos uma cópia da revista, sua entrevista já sai na próxima edição.

- Ótimo garoto, manda ver.

- Tchau.

- Tchau.

Apertamos às mãos como cavalheiros, eu me virei e chamei o elevador, ele ficou na porta me olhando e fumando seu cigarro. O Elevador chegou, abri a porta, estava entrando e Max Wilson me chamou.

- Garoto.

- Oi?

- Vá Pegá-los!

- Certo Max...

Depois de dizer isso me senti mais vivo do que nunca, eu sabia o que ele queria me dizer. Entrei no Elevador, apertei o botão que indicava o térreo, estava meio alto.

Eu havia finalmente conhecido meu herói, bebi com ele, estava meio alto, mais feliz. Sai do prédio, andei quatro quadras em direção ao meu carro, entrei nele dei partida e fui embora.
Na marginal estava um transito bem forte pro horário, fiquei emburrado, acendi um cigarro e dirigi a 10 km por hora durante um bom tempo, iria demorar pra chegar em casa aquele dia.

sábado, 8 de outubro de 2011

Um fracasso de qualquer forma

Dois macacos jogam baralho.
Eu paro em frente, boca semi aberta, não acredito no que vejo.
Eles me olham, param de jogar e me convidam pra sentar.
Olho, não tem cadeira, pisco, e uma cadeira ao meu lado aparece.
Arregaço às mangas e me sento.
Eles me dão às cartas, o jogo é 21.
Perco na primeira mão, perco na segunda e suscetivamente até a sexta.
Meu dinheiro acaba, me levanto e desisto. Sou um fracasso!

Abro os olhos, estou deitado em minha cama,
solto um peido, fétido, enxofre puro. Sorrio.
Vejo um copo com um restante de vodca ao lado da cama,
bebo em uma unica talagada.
Cubro a cabeça, penso no fracasso que sou, durmo novamente.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sem ganancia!

Meu cigarro chegava ao fim, já estava somente a bituca com aquele cheiro característico de morte, aquele cigarro acabava da mesma forma que meu animo para minha vida, ficava em minha cabeça fazendo vários questionamentos sobre o motivo de só me foder, e nunca chegava a conclusão alguma. Joguei o cigarro no cinzeiro e dei um gole no meu vinho, vinha vagabundo claro. Lá fora o dia chegava a sua forma mais bela, o sol estava alto, e vivo, olhei para a janela e tive vontade de fechar a cortina, infelizmente não tinha cortina e tive que aceitar que ao menos algo estava bonito naquele dia. Acendi mais um cigarro e levantei para colocar algum disco para tocar, dedilhei por David Bowie, Rolling Stones, Beatles e parei no Dark Side Of The Moon, coloquei o disco e começou a tocar Speak To Me, sentei no sofá dei uma boa tragada no cigarro, soltei e metei meu copo de vinho, o som enchia o ambiente, eu me sentia bem. O telefone tocou, levantei e fui atender.

- Oi.

- Olá quem é? - eu perguntei.

- Verônica.

Verônica era minha ex-namorada, havia me sugado a vida, eu ofereci a minha vida, ela quis mais, não pude dar, ela terminou comigo e após alguns dias estava namorando o chefe dela, tenho certeza que fui corno, mas enfim, isso não me importa em nada, nunca me preocupei muito com que os outros iriam me fazer ou se iriam fazer, a consciência é sempre de cada um, se você pode viver assim, então faça sem mais delongas. No começo foi tudo ótimo, nos conhecemos em um bar, não sei bem o motivo, mas aquele dia eu estava bem animado, ela era amiga de uma amiga minha, conversamos sobre músicas, filmes de todos os gêneros, o papo fluía de forma descomplicada, rimos, bebemos, cantamos e dançamos. E no fim nos beijamos, começamos a nos encontrar e o namoro foi inevitável, e às brigas também, nos desentendíamos com frequência e o fim foi ela ter dito sobre a minha falta de ambição, eu não quero ser rico, não tenho essa pretensão, não quero ter carro, pago meus impostos e uso o transporte publico e por isso sempre fui julgado.

- Oi. - respondi.

Ao fundo a música era On The Run.

- Queria saber como você está.

- Com qual proposito? Foi você que me largou.

- Só quero saber se você está bem?

- Estou sim.

- Comprei um carro.

- Isso é muito bom.

- E você quando vai comprar o seu?

- Não tão cedo, não preciso, tenho metrô e nas urgências tenho táxi.

- Você nunca vai pensar em futuro?

- Por mil diabos, eu estava aqui em casa tranquilo, bebendo, fumando ouvindo música, e você me liga pra me acusar. Vai cuidar do seu namoro!

- Não grita comigo!

- Diabos entenda o seguinte, você disse que eu não tenho perspectiva de vida, só porque eu não tenho ganancia, não quero juntar dinheiro, não tenho carro e bebo tudo que ganho. Escuta, prefiro que minha vida continue assim, não tenho o olhar cinzento, eu vivo.

- Eu queria que você amadurecesse. Apenas isso.

- Enfia tua vontade você sabe onde, eu to te prevenindo, não me ligue mais!

- O que você vai fazer, me bater?

Desliguei o telefone, sentei no sofá bastante macambuzo, diabos, ela havia deixado minha tarde pior, acendi mais um cigarro e fui até a cozinha, peguei uma cerveja, abri e dei uma talagada, voltei pro sofá e me esparramei, iria fazer daquele dia um dia agradável, iria sair, beber, e ficar feliz, ninguém iria me irritar, ninguém iria estragar meu sábado, virei minha cerveja, apaguei meu cigarro, e vi o sol já baixando, desliguei o som e sai, iria me alcoolizar aquele dia, agora estava livre, continuava sem ganancia, mas continuava muito bem obrigado, quando apaguei a luz o telefone tocou, pensei em atender, desisti, tranquei a porta e sai.