quinta-feira, 26 de maio de 2011

Que Chato!

Já estava em casa  fazia mais de 3 meses, desempregado, duro, passando necessidades, estava fumando feito uma chaminé russa, bebendo feito um irlandês ruivo e dormindo menos do que um cão no cio. Mas enfim de resto estava numa boa, a conta de luz estava aumentando, o gás estava aumentando e o cara que dividia apartamento comigo estava começando a ficar puto, dizia que não era justo pois ele ficava o dia todo fora e todo aquele blá blá blá de quem nunca faz sexo, pelo menos não sexo com seres humanos, mas enfim, eu sempre tomava a melhor das atitudes, o mandava fazer um belo CUVOLTS, que consiste simplesmente em enfiar um dedo no cu e outro na tomada e me sentia bem melhor por essa atitude.

Aquele dia havia ido dormir quase de manhã e acordei umas 8 horas com o sol batendo forte em minha cara, minha boca estava seca, a cabeça pesava como se eu tivesse com macrocefalia, meu estomago revirava, minha respiração era descompassada, estava acabado, com a barba de uma semana e em total frangalho. Constatei que estava dormindo no sofá da sala me levantei, fui ao banheiro, acendi a luz, peguei a pasta, coloquei na escova, abri a torneira, escovei os dentes, lavei o rosto, sequei o rosto, apaguei a luz, sai do banheiro, dei meia volta, dessa vez nem deu tempo de acender a luz, abri a tampa da privada e vomitei, vomitei muito, dei descarga, coloquei pasta na escova, abri a torneira, escovei os dentes novamente, desliguei a torneira, sequei o rosto e sai.
Sentei no sofá bem tranquilo, liguei a televisão e fiquei vendo noticias sobre radiação no Japão, terremotos em países de terceiro mundo, assaltos em saídas de bancos, assassinatos. Televisão definitivamente me deprime, peguei um cigarro e o acendi, dei uma bela e longa tragada, tossi, veio uma bola de catarro do meu pulmão, quase me engasguei, levante e cuspi, pensei em parar de fumar vendo o aspecto do meu cuspe escorrendo na pia até chegar ao ralo, mas infelizmente não tinha dignidade e culhão suficiente pra isso, então levantei minha cabeça com toda a pompa e classe possível e puxei mais uma bela tragada, dessa vez meu pulmão aceitou de boa, não tive como não soltar um sorriso desejando ironizar o meu pulmão que havia perdido pra mim e para o meu Lucky Strike filtro vermelho.

Sentei no sofá, fumando alguns cigarros por cima de outros e deixando toda a sala do apartamento empesteado pela boa e velha nicotina. Meu telefone tocou, levantei e atendi.

- Marlon.

- E ai sujão.

- Qual é a boa Fernando?

- A boa é eu ir ai pra sua casa e tomarmos uns drinks.

- A noite?

- Não agora!

- Como assim? Não vai trabalhar?

- Mandei aquela merda de empresa ir tomar no centro do olho do cu e pedi para ser mandado embora!

- Mas e ai, te mandaram de boa?

- Na verdade não, mas eu os ameacei de processos por assédio moral e talz.

- Deu certo cara?

- Na verdade não, mas quero mais é que se foda!

- Hahaha que sucesso. Tá pensando em chamar alguém?

- Não.

- E o Nelson?

- Está viajando.

- Comprei um LP do Serge Gainsbourg, ele iria gostar.

- Com certeza, ele é fanático pelo cara, ele sairia na mão com qualquer um por causa do cara.

- Isso tem a ver man, então okay gajo, pode vir a hora que quiser.

- Beleza pépe.

Desliguei o telefone, abri a geladeira e conferi que tinha apenas 3 latas de cervejas e uma garrafa de vodca no fim, praguejei, teria que sair e comprar cervejas, peguei uma lata de cerveja e um ovo, abri a lata dei uma bela talagada, peguei uma panela, enchi de água e coloquei o ovo para cozinhar, precisava me alimentar, e nada melhor para o meu colesterol do que um belo ovo estilo de boteco.

Depois que comi e matei às 3 latas de cervejas deitei no sofá e estiquei minhas pernas pigarreando bastante, cochilei, acordei com minha porta abrindo, detalhe é que não tenho chave, a porta fica 24 horas aberta, vi que Fernando entrava com uma garrafa de de vinho e já ia deixando sua mochila na sala, o porteiro já o conhecia, então sempre o deixava entrar sem anunciar.

- Que sucesso morar na mesma rua que você pépe!

- Total. Então tenho uma péssima noticia, estamos sem cervejas.

- Imaginei isso pépe, por isso peguei 4 latas na minha casa e trouxe pra cá manja?

- Porra como você é legal man.

- Eu sei que sou, e resolvi já que estou te vendo sofrido fazer um almoço pra você, pois sei que você é um desastre na cozinha, então vou cuidar de você como se fossemos casados.

- Hahaha que sucesso, eu amo você man, que Deus o abençoe e te faça feliz.

- Amém!

- Catolicismo é o que pega gajo.

- Tem muito a ver. - disse Fernando sorrindo. - Porra cadê o som na porra dessa casa?

- Estava com uma maldita de uma preguiça, por isso nem levantei e acabei cochilando, tenho dormido pouco.

- Você está pegando pesado com a tua vida.

- Essa é minha realidade.

- Pépe, você não vai viver muito nesse ritmo.

- Eu sei, mas enfim estou quase falido já, então se não conseguir algum emprego, terei que voltar pra casa da minha mãe manja?

- Isso te faria viver mais com certeza.

- Não sei se quero voltar pra lá!

- Porra man, sua mãe é style!

- Eu sei disso man, mas essa não é a questão, quero continuar a morar no centro do mundo manja? Morar longe é uma merda cara.

- Tá tá.

- O que você vai fazer de almoço.

- O que tem ai?

- Ovos, salsicha, macarrão, massa de tomate e queijo.

- Caralho man, não tem carne, frango e nada do tipo.

- Eu não moro com minha mãe, já é uma glória ter alguma comida.

- Haha podia ser pior, vou fazer um macarrão. Coloca uma porra de uma música pra rolar.

- Tá, tá, vou colocar.

Enquanto Fernando estava na cozinha, separando os ingredientes para começar o preparo do almoço, acendi um bom cigarro e comecei a passar o dedo pelos meus discos atrás de algo bom para o momento, peguei o Dark Side of the Moon que era um dos discos mais foda do mundo para o Fernando e coloquei para tocar, ele me deu um grito de alegria e me abençoou como um bom cristão.

O almoço estava excelente, macarrão com salsichas e cerveja gelada, comemos e bebemos bem, infelizmente às cervejas haviam acabado fomos ao mercado buscar cervejas e fomos conversando trivialidades do tipo mais trivial possível, música e bons livros e textos. Passamos por um boteco bem sujo e resolvemos parar, o bar estava animado, era sexta feira, mais de 6 da tarde e o bar já tinha algum movimento, o dono do bar era um cara bastante simpático, nos apresentamos, e sentamos em uma mesa, pedimos uma Skol e alguns amendoins e ficamos bebendo de leve total, o bar estava com bastante pessoas, animadas com o final de semana que finalmente havia chegado, um bom forro bastante brega, dávamos risadas, e falamos cada vez mais alto devido ao volume da música.

- Finalmente o final de semana chegou heim man, olha a animação dos trabalhadores!

- Finais de semana não fazem sentindo quando se é desempregado man.

- Larga de ser frustrado porra.

- Não é frustração é realidade man.

- Realidade o caralho, isso pra mim é frustração.

- Tá tá tá!

- O que você precisa é voltar a trabalhar e parar de se embebedar.

- Eu já estou reduzindo cara.

- Mas e ontem¿

- Adoro sair de quinta feira, tomar umas boas cervejas do bar roxo da Augusta.

- Bem, isso você tem razão, de quinta é de boa mesmo.

- Com certeza, estou reduzindo man, pode acreditar. Perai vou buscar um shot de Maria-mole, você quer¿

- Por enquanto estou bem de leve de shots.

Levantei e fui em direção ao balcão, pedi um shot. Enquanto aguardava a dose ser preparada, me virei e fiquei olhando ao redor do bar, risos e bebidas, tudo isso era muito digno e eu particularmente havia gostado muito de ter conhecido aquele boteco, seria uma boa solução, perto de casa, com bebidas baratas, e muita gente boa, havia uma mulher na faixa dos 50 anos dançando e sorrindo, fiquei olhando pra ela, meu olhar foi correspondido, fiquei com nojo de mim mesmo por ter olhado aquela mulher que estava um caco, mas eu também não estava lá essas coisas, ela tinha um rosto bastante sofrido, uma barriga saliente, quando sorria podia se notar que faltavam alguns dentes, mas ela tinha uma bela bunda, e estava precisando trocar meu óleo, virei meu shot e voltei pra mesa, Fernando estava ao celular com a namorada, acendi um cigarro e dei uma boa talagada na minha cerveja. Fernando desligou.

- Man, minha garota é muito style.

- Todas às garotas são style no começo, depois mudam, ou nós que somos cegos no começo, enfim, no final das contas dá na mesma.

- Você está à frustração em pessoa man, você precisa de um bom rabo pra currar.

- Já vi um bom rabo neste bar man!

- hahaha que piada man, aqui só tem velhas sofridas.

- Quero mais é que se lasque man. Olha aquela mulher dançando ali. Disse apontando para a mulher sofrida.

- Meu Deus man, bate punheta porra, essa mulher é horrível.

- Man, não existem pessoas horríveis, existe pessoas que bebem pouco isso sim.

- Que frase de banheiro de buteco porra.

- Hahaha, pode crer mais isso é realidade man, eu já peguei minas boas e desgraças completas, e na hora de meter minha piça da tudo na mesma.

- E qual é o segredo para ter uma ereção¿

- Pensa na Angelina Jolie.

- Hahaha, vou ter que ir embora, você vai ficar ai com a Jolie¿

- Mas é claro, ainda é cedo.

- Beleza então vou pagar a conta.

Fernando jogou a bituca no chão, pisou e vou em direção ao balcão, fiquei olhando a mulher que agora não estava mais dançando e sim numa mesa tomando pinga e cerveja. Fernando voltou.

- Bem, vou nessa man, paguei toda a conta, esta zerada, agora o que vier é seu.

- Beleza pépe, valeu.

Cumprimentamos-nos e Fernando foi embora, pedi mais uma cerveja e fiquei bebericando sozinho, começou a tocar samba, agora o som estava melhor, bebi com mais gosto, peguei minha cerveja me levantei e fui em direção da mesa da mulher.

- Posso me sentar¿

- Nos conhecemos¿

- Ainda não mais pretendo te conhecer mulher!

- Sério¿

- Sim, posso me sentar¿

- Claro, fique a vontade.

- Obrigado com licença.

Me sentei, acendi um cigarro, virei minha cerveja.

- Você bebe o que¿

- Rabo de Galo.

- Adoro mulher de atitude.

Pedi duas doses de rabo de galo e mais uma cerveja, a dose chegou virei em uma única talagada e mulher também virou a dose dela, conversamos sobre música, ela me disse que seu maior ídolo era Odair José, eu ri, ela riu, rimos juntos, nos beijamos, foi nojento, mas meti minha língua com muita vontade, nem estava tão bêbado, mas iria usar isso como desculpa a bebedeira, e tudo ficaria certo. A convidei pra ir a minha casa, ela topou, pagamos nossas contas e saímos, antes de sair percebi que o dono do bar havia me olhado de soslaio e dado um risinho, mas pouco estava me importando, fomos para o meu apartamento, entramos, peguei o vinho que o Fernando havia levado, a garrafa estava na metade, bebemos e nos beijamos, tiramos nossas roupas, ela me chupou, e foi uma boa chupada, coloquei a camisinha e cavalguei em cima dela, transamos muito e depois dormimos enrodilhados e quentinhos, aquela havia sido uma boa trepada, de manhã ela acordou e disse que tinha que ir embora, iria cuidar do neto aquele dia, nos beijamos e ela se foi.

Dei uma risada por ser tão desgraçado, ela tinha netos e isso era a coisa mais bizarra que já havia feito, definitivamente eu era um lixo de ser humano, fui ao banheiro, acendi a luz, peguei a pasta, coloquei na escova, abri a torneira, escovei os dentes, lavei o rosto, sequei o rosto, abri a tampa da privada, sentei, dei uma boa cagada, me limpei, dei descarga, fechei a tampa, abri o chuveiro, tomei banho, fechei o chuveiro, me sequei, apaguei a luz e sai.
Deitei no sofá, liguei a televisão e passei o restante da tarde com uma baita coceira nos culhões, diabos peguei chatos.

PONTO IMPORTANTE: NÃO ESCREVO PRA NINGUEM, NÃO FAÇO QUESTÃO QUE NINGUEM GOSTE, NÃO QUERO APLAUSOS!