segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ressaca


Abri os olhos, respirei, a falta de ar tomava conta de mim, senti meu peito completamente cheio de catarro, meus pulmões pareciam muito mais com o chiar de uma rádio em troca de estação, estava suado, expelindo todo o álcool e nicotina do meu corpo, meu lençol estava úmido. Uma luz fraca passava por uma fresta da janela que eu não havia fechado direito de noite, tentei levantar, senti tontura e um enjôo muito forte, o vômito subiu até minha boca, fui forte e engoli tudo de volta, senti que o cheiro da minha boca estava uma catástrofe, fedia a cu de mendigo, era sofrível a sensação, consegui com muito esforço levantar, estava apenas de cueca, acendi um cigarro, dei a primeira tragada e tossi como se estive morrendo. – “Em nome de Deus eu estava completamente fodido” – pensei. Corri para o banheiro, levantei a tampa e vomitei, vomitei muito, eu sentia contrações horrendas na barriga, acho que aquela dor foi o mais próximo que já cheguei da morte em toda a minha vida. Terminei, dei descarga, abaixei a tampa da latrina, acendi a luz, abri a torneira, peguei a pasta, peguei a escova, escovei os dentes, fechei a torneira, sequei o rosto, apaguei a luz, dei um peido, sai e fechei a porta. Fui para sala, acendi outro cigarro, o outro havia sido deixado no cinzeiro quando fui vomitar e havia sido consumido pelo tempo gasto no banheiro. Expeli a fumaça azulada do meu Lucky Strike Click Roll, me senti vivo. Fui até a cozinha, tomei quase 1 litro de água numa única talagada, a ressaca estava pesada aquele dia, nem ao menos me lembrava como havia conseguido chegar em casa, como sempre, os DEUSES sabem o que fazem e colocam os pobres diabos sofridos e proletários em sua cama depois de algumas bebidinhas. Pois bem, notei 4 latinhas de Itaipava na geladeira, peguei uma, abri dei uma boa talagada, soltei um peido e disse amém.