terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Nunca comi uma oriental!

Estava meio assim sem jeito, me sentia desconfortável na minha vida. Um estranho na minha mente. Nunca tive ambição, sempre me importei o mínimo possível que alguém precisa se importar para ter uma boa vida, o mínimo de dignidade e uma justa e pacifica calma sempre me bastou. Estava vivendo, havia perdido alguns bons anos da minha vida entre namoros, ganhei nos namoros alguns anos a mais, mas pouco me importa isso agora, estou bebendo e fumando pelo tempo que fiquei amansado para compensar o que deixei de fazer e vou retomar minha expectativa de vida, ou seja, viver pouco.

Aquele dia estava uma merda, chuvoso, frio e eu estava deitado na cama ouvindo radio, tocava Eyes Of The Sky do Jeferson Airplane, eu piro nesse som, eu era a personificação do brega, eu era o Reginaldo Rossi , eu podia viver e morrer como um cantor brega, eu sou brega e muito bem resolvido com isso. Meu celular tocou.

- Alo.
- E ai Marlon, é o Pedro, o que está fazendo além de nada?
- Deitado.
- Vamos chapar?
- Está chovendo, uma merda de dia!
- Porra, larga de ser fedo de cu, cola aqui em casa e vamos beber, você mora ao lado do metro, eu também, breja dentro de casa sai barato.
- Quem está ai?
- Todo o pessoal!
- Sua irmã está ai?
- Vai se foder Marlon, deixa minha irmã de fora.
- Está ou não está, pergunta simples e resposta monossilábica, é só o que eu quero.
- Está, mas você sabe que não pega ela.
- Com todos os demônios, você acha que eu não sei disso! Em 30 anos de vida eu nunca peguei uma oriental, mas é bom olhar para sua irmã, corpo de gueixa man.
- Eu também nunca peguei uma, todas parecem minha irmã.
- Hahahahahaha, pode crer. Bem, vou tomar um banho e sair, chego ai já já.
- Boa man.

Desliguei o celular e levantei, separei uma camiseta, cueca e jeans e fui ao banheiro, dei uma boa cagada fumando um cigarro, cuspia no cesto e batia a cinza por cima. Joguei meu cigarro na privada e dei descarga, me limpei, abri o chuveiro e tomei uma ducha rápida...

Já estava descendo no metro Ana Rosa, passei no Pão de Açúcar, comprei um fardo com 18 Skol e desci sentido ao prédio do Pedro. Cheguei,  me identifiquei ao porteiro e em poucos minutos já estava em frente ao seu apartamento tocando a campainha, o som estava alto, tocava Stone Temple Pilots. A Porta se abriu e lá estava a irmã do Pedro.

- Oi Carol, tudo jóia?
- Marlon... Entra...

Aquela garota me amava, havíamos sido feitos um para o outro, ela só não sabia disso ainda, iria foder aquela boceta horizontal todos os dias da minha vida, iria levar suco de laranja e temaki na cama para ela. Iria lavar seus cabelos lisos e pretos e iria beija-la com todo o amor do universo. Nossa vida seria boa e honesta, levantaríamos cedo, tomaríamos café, daríamos um beijo, iriamos sair juntos para trabalhar, voltaríamos quase na mesma hora, ela iria fazer Sopa de missoshiro para janta, tomaríamos banho e treparíamos, dormiríamos abraçados e daria um beijo tenro em sua testa. Nossas vidas estariam entrelaçadas e felizes para todo o sempre.

- Marlon, seu grande verme. - Pedro gritou, já um pouco alterado quebrando meu sonho.
- Sua irmã não gosta nada de mim.
- Esquece minha irmã man.
- Mas o que eu fiz?
- Porra, o que você fez? Tá de sacanagem, na ultima vez que veio aqui, ficou completamente bêbado, saiu do banho pelado, tentou abraçar ela e babou e suou por todo o sofá!
- Pelo menos não me mijei, né.
- Você é o cara mais repulsivo e escroto que já conheci na vida!
- Pode apostar que já ouvi isso há uns anos atrás.
- Não aposto. Não tenho dúvida.
- Toma, coloca essas cervas na geladeira, estão geladas, mas podem melhorar.
- Beleza, paizinho, só chegou o Wagner e o Luciano.
- Vem quem?
- Chamei uma galera, mas com esse tempo fodido, vai saber quem vem!
- Existe alguma possibilidade desse seu caralho pequeno ter chamado algumas garotas?
- Não, hoje são só homens falando merda.
- Tenho impressão às vezes que você sonha em ser enrabado por mim.
- Vai se foder! Não quero ter sífilis.

Dei um abraço no Wagner e troquei uns socos no ar com o Luciano, já não os via há algum tempo, e isso me deixou mais animado do que olhar para a cara amarela do Pedro.

- O que tem feito Wagner?
- Cara, só chapando, doce, maconha e bebidas.
- Da pesada heim.
- Que nada, estou leve, maneiro, sou meninão de novo.
- E você Luciano?
- Eu estou trabalhando para caralho, minha namorada me deu um chute na bunda.
- Namoradas veem e vão, fique sozinho e transe com o máximo de garotas que sua pica permitir.
- Não tenho mais 20 anos amigão, estou bem sofrido.
- Vai ao prostibulo. Garanto que alivia.
- Nem fodendo dar 200 pratas para foder.
- Mano você dá muito mais do que 200 pratas quando está namorando e ainda recebe cobranças, escuta acusações, desculpas para não trepar e toda a lenga a lenga de mulheres.

A Irmã do Pedro estava passando nessa hora, me olhou com um olhar cheio de ódio, eu sorri e acendi um cigarro ela saiu com cara de tartaruga.

- Ela me odeia senhores!

O riso foi geral, o Pedro entrou na sala com uma lata de cerveja e um copo de 1 litro desses de combo de cinema, abarrotado de Vodca com uma leve lembrança de Schweppes, dei um gole e por muito pouco não vomitei tudo, respirei, dei um trago na minha cerveja e uma tragada no cigarro, pronto, eu podia dominar o mundo.

Ficamos jogando Poker e matamos umas 47 latas em 4 pessoas e 2 garrafas de Smirnoff, eu fiquei maluco. Acordei com o sol batendo em minha cara, estava jogado no chão, sem camiseta e tênis, o Wagner estava no sofá, roncava feito um porco, nem sinal do Luciano. Levantei, fui para a sacada, a porta havia ficado aberta, estava sol, mas de noite deve ter feito um puta frio, eu estava congelante, peguei meu cigarro e acendi, a fumaça subia de forma compassada, um milagre de DEUS, minha cabeça dava pontadas horríveis, minha voz eu sentia que estava totalmente cagada, estava vivenciando uma ressaca daquelas e tentava lembrar algo da madrugada, não conseguia me lembrar de nada, fui em direção a cozinha, abri a geladeira, dei uma golada na garrafa de agua até me babar, foi um alivio, ainda tinha 1 lata a salvo, peguei, abri e matei em uma única talagada. Voltei à sala, calcei meu tênis e vesti minha camiseta, não achava minha jaqueta, fui dar uma olhada no quarto do Pedro. Ele estava apagado, barriga para cima, ronco, achei minha jaqueta, peguei, sai e fechei a porta, a porta do quarto da irmã do Pedro ficava em frente, resolvi dar uma espiada, abri e me deparei com ela totalmente nua, seus seios, rosto nipônico, seus pelos da xota. Dormia profundamente e ao seu lado, sem roupa alguma e também dormindo estava o Luciano com sua pica mole de 20 centímetros. Fechei a porta e resolvi ir embora, não acordei o Wagner que ainda roncava feito um porco no cio.
Alguns caras tem toda a sorte do mundo, eu vou me virando com minha voz rouca, minhas ressacas e meu subemprego, não se pode ter tudo. Mas uma coisa eu tenho certeza, nunca comi uma oriental e nunca irei comer.




sábado, 28 de novembro de 2015

Talvez um pouco de cada coisa

Um homem que bebe.
Um homem que fode.
Um homem que vai a igreja.
Um homem que vive de ressaca.
Um homem que trabalha em um emprego de merda e assiste telejornal noturno.
Um homem que caga.
Um homem que tem fome.
Um homem infeliz.
Um homem cinza.
Um homem que se tornou o que não queria.
Um homem em um subemprego.
Um homem ateu.
Um homem sem dinheiro.
Um homem que mente.
Um homem que viaja.
Um homem que mata.
Um homem amarelo, branco, negro.
Um homem que finge estar tudo bem.
Um homem que não tem certeza de nada.
Um homem com câncer.
Um homem morrendo.
Um homem sofrendo.
Um homem subnutrido.
Um homem com falta de culhão.
Um homem que não é assim tão homem.
Um homem que não faz sexo oral.
Um homem que tem nojo.
Um homem que se mija, se caga, vomita... Quando está bêbado.

Conheço alguns desses homens,
me vejo em alguns deles.
Somos todos um pouco de tudo.
Existe problema nisso?

Viva e faça o que achar que é o certo!

sábado, 20 de junho de 2015

Sufoco

Se desejar algo, vá atrás
Se quiser algo, vá atrás
Se almeja algo, vá atrás
Se sonha com algo, vá atrás

Eu gozo com a vida, quero a vida
Eu cometo erros
Eu sempre estou bêbado
Eu estava adormecido quando pensei em mudar
Eu estava chapado quando acordei
Eu precisava somente de mim mesmo
Eu era a minha própria reliquia
Eu coloco minha cabeça no travesseiro e tudo roda
Eu cometo erros
Todos cometem, e assim a Terra segue o seu curso
Que DEUS me abençoe.

Ninguém vive como Charles Bukowski hoje em dia.

Era tudo um pedaço de merda,
Levantar, escovar os dentes, cagar, tomar banho.
Tudo que sempre praguejei me tornei,
Já tinha virado cinza, não sabia quando e nem como,
Mas havia me tornado tudo que sempre repudiei.

Eu sempre fui o dono da verdade, minha verdade,
Eu sempre prometi não fracassar,
Contas chegam, bebida e cigarro aumentam.
Vamos viver, vamos pagar e vamos votar e entrar na dança.
Ninguém vive como Charles Bukowski hoje em dia.

Eu queria ter mais tempo.
Eu queria beber mais, viver mais, fumar mais, cagar mais.
Eu sempre prometi não fracassar.
Contas chegam, bebida e cigarro aumentam,
Eu Fracassei.
Eu não vivo como Charles Bukowski hoje em dia.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

CENTRO

Eu gosto do Centro, vivo nele, caminho nele
Gosto daqui, isso me faz bem, eu voltei a viver.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!

Em muita coisa eu acredito, e o centro me faz bem
Andar pelo Anhangabaú, acender um cigarro e tossir.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!

Viciados em crack me abordam, querem me roubar
Não tenho nada, e continuo a caminhar.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!

Minha vista é espetacular, aqui eu quero pra sempre morar
No Centro de São Paulo eu vou ficar.
Mendigos e cheiro de urina, gosto dessa vida!
Mendigos e cheiro de urina, já me acostumei...