Meu cigarro chegava ao fim, já estava somente a bituca com aquele cheiro característico de morte, aquele cigarro acabava da mesma forma que meu animo para minha vida, ficava em minha cabeça fazendo vários questionamentos sobre o motivo de só me foder, e nunca chegava a conclusão alguma. Joguei o cigarro no cinzeiro e dei um gole no meu vinho, vinha vagabundo claro. Lá fora o dia chegava a sua forma mais bela, o sol estava alto, e vivo, olhei para a janela e tive vontade de fechar a cortina, infelizmente não tinha cortina e tive que aceitar que ao menos algo estava bonito naquele dia. Acendi mais um cigarro e levantei para colocar algum disco para tocar, dedilhei por David Bowie, Rolling Stones, Beatles e parei no Dark Side Of The Moon, coloquei o disco e começou a tocar Speak To Me, sentei no sofá dei uma boa tragada no cigarro, soltei e metei meu copo de vinho, o som enchia o ambiente, eu me sentia bem. O telefone tocou, levantei e fui atender.
- Oi.
- Olá quem é? - eu perguntei.
- Verônica.
Verônica era minha ex-namorada, havia me sugado a vida, eu ofereci a minha vida, ela quis mais, não pude dar, ela terminou comigo e após alguns dias estava namorando o chefe dela, tenho certeza que fui corno, mas enfim, isso não me importa em nada, nunca me preocupei muito com que os outros iriam me fazer ou se iriam fazer, a consciência é sempre de cada um, se você pode viver assim, então faça sem mais delongas. No começo foi tudo ótimo, nos conhecemos em um bar, não sei bem o motivo, mas aquele dia eu estava bem animado, ela era amiga de uma amiga minha, conversamos sobre músicas, filmes de todos os gêneros, o papo fluía de forma descomplicada, rimos, bebemos, cantamos e dançamos. E no fim nos beijamos, começamos a nos encontrar e o namoro foi inevitável, e às brigas também, nos desentendíamos com frequência e o fim foi ela ter dito sobre a minha falta de ambição, eu não quero ser rico, não tenho essa pretensão, não quero ter carro, pago meus impostos e uso o transporte publico e por isso sempre fui julgado.
- Oi. - respondi.
Ao fundo a música era On The Run.
- Queria saber como você está.
- Com qual proposito? Foi você que me largou.
- Só quero saber se você está bem?
- Estou sim.
- Comprei um carro.
- Isso é muito bom.
- E você quando vai comprar o seu?
- Não tão cedo, não preciso, tenho metrô e nas urgências tenho táxi.
- Você nunca vai pensar em futuro?
- Por mil diabos, eu estava aqui em casa tranquilo, bebendo, fumando ouvindo música, e você me liga pra me acusar. Vai cuidar do seu namoro!
- Não grita comigo!
- Diabos entenda o seguinte, você disse que eu não tenho perspectiva de vida, só porque eu não tenho ganancia, não quero juntar dinheiro, não tenho carro e bebo tudo que ganho. Escuta, prefiro que minha vida continue assim, não tenho o olhar cinzento, eu vivo.
- Eu queria que você amadurecesse. Apenas isso.
- Enfia tua vontade você sabe onde, eu to te prevenindo, não me ligue mais!
- O que você vai fazer, me bater?
Desliguei o telefone, sentei no sofá bastante macambuzo, diabos, ela havia deixado minha tarde pior, acendi mais um cigarro e fui até a cozinha, peguei uma cerveja, abri e dei uma talagada, voltei pro sofá e me esparramei, iria fazer daquele dia um dia agradável, iria sair, beber, e ficar feliz, ninguém iria me irritar, ninguém iria estragar meu sábado, virei minha cerveja, apaguei meu cigarro, e vi o sol já baixando, desliguei o som e sai, iria me alcoolizar aquele dia, agora estava livre, continuava sem ganancia, mas continuava muito bem obrigado, quando apaguei a luz o telefone tocou, pensei em atender, desisti, tranquei a porta e sai.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
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