Estava meio assim sem jeito, me sentia desconfortável na
minha vida. Um estranho na minha mente. Nunca tive ambição, sempre me importei
o mínimo possível que alguém precisa se importar para ter uma boa vida, o
mínimo de dignidade e uma justa e pacifica calma sempre me bastou. Estava
vivendo, havia perdido alguns bons anos da minha vida entre namoros, ganhei nos
namoros alguns anos a mais, mas pouco me importa isso agora, estou bebendo e
fumando pelo tempo que fiquei amansado para compensar o que deixei de fazer e
vou retomar minha expectativa de vida, ou seja, viver pouco.
Aquele dia estava uma merda, chuvoso, frio e eu estava
deitado na cama ouvindo radio, tocava Eyes Of The Sky do Jeferson Airplane, eu
piro nesse som, eu era a personificação do brega, eu era o Reginaldo Rossi , eu
podia viver e morrer como um cantor brega, eu sou brega e muito bem resolvido
com isso. Meu celular tocou.
- Alo.
- E ai Marlon, é o Pedro, o que está fazendo além de nada?
- Deitado.
- Vamos chapar?
- Está chovendo, uma merda de dia!
- Porra, larga de ser fedo de cu, cola aqui em casa e vamos
beber, você mora ao lado do metro, eu também, breja dentro de casa sai barato.
- Quem está ai?
- Todo o pessoal!
- Sua irmã está ai?
- Vai se foder Marlon, deixa minha irmã de fora.
- Está ou não está, pergunta simples e resposta
monossilábica, é só o que eu quero.
- Está, mas você sabe que não pega ela.
- Com todos os demônios, você acha que eu não sei disso! Em
30 anos de vida eu nunca peguei uma oriental, mas é bom olhar para sua irmã,
corpo de gueixa man.
- Eu também nunca peguei uma, todas parecem minha irmã.
- Hahahahahaha, pode crer. Bem, vou tomar um banho e sair,
chego ai já já.
- Boa man.
Desliguei o celular e levantei, separei uma camiseta, cueca
e jeans e fui ao banheiro, dei uma boa cagada fumando um cigarro, cuspia no
cesto e batia a cinza por cima. Joguei meu cigarro na privada e dei descarga,
me limpei, abri o chuveiro e tomei uma ducha rápida...
Já estava descendo no metro Ana Rosa, passei no Pão de Açúcar,
comprei um fardo com 18 Skol e desci sentido ao prédio do Pedro. Cheguei, me identifiquei ao porteiro e em poucos
minutos já estava em frente ao seu apartamento tocando a campainha, o som
estava alto, tocava Stone Temple Pilots. A Porta se abriu e lá estava a irmã do
Pedro.
- Oi Carol, tudo jóia?
- Marlon... Entra...
Aquela garota me amava, havíamos sido feitos um para o
outro, ela só não sabia disso ainda, iria foder aquela boceta horizontal todos
os dias da minha vida, iria levar suco de laranja e temaki na cama para ela. Iria
lavar seus cabelos lisos e pretos e iria beija-la com todo o amor do universo.
Nossa vida seria boa e honesta, levantaríamos cedo, tomaríamos café, daríamos
um beijo, iriamos sair juntos para trabalhar, voltaríamos quase na mesma hora,
ela iria fazer Sopa de missoshiro para janta, tomaríamos banho e treparíamos,
dormiríamos abraçados e daria um beijo tenro em sua testa. Nossas vidas
estariam entrelaçadas e felizes para todo o sempre.
- Marlon, seu grande verme. - Pedro gritou, já um pouco alterado quebrando meu sonho.
- Sua irmã não gosta nada de mim.
- Esquece minha irmã man.
- Mas o que eu fiz?
- Porra, o que você fez? Tá de sacanagem, na ultima vez que
veio aqui, ficou completamente bêbado, saiu do banho pelado, tentou abraçar ela
e babou e suou por todo o sofá!
- Pelo menos não me mijei, né.
- Você é o cara mais repulsivo e escroto que já conheci na
vida!
- Pode apostar que já ouvi isso há uns anos atrás.
- Não aposto. Não tenho dúvida.
- Toma, coloca essas cervas na geladeira, estão geladas, mas
podem melhorar.
- Beleza, paizinho, só chegou o Wagner e o Luciano.
- Vem quem?
- Chamei uma galera, mas com esse tempo fodido, vai saber
quem vem!
- Existe alguma possibilidade desse seu caralho pequeno ter
chamado algumas garotas?
- Não, hoje são só homens falando merda.
- Tenho impressão às vezes que você sonha em ser enrabado
por mim.
- Vai se foder! Não quero ter sífilis.
Dei um abraço no Wagner e troquei uns socos no ar com o
Luciano, já não os via há algum tempo, e isso me deixou mais animado do que
olhar para a cara amarela do Pedro.
- O que tem feito Wagner?
- Cara, só chapando, doce, maconha e bebidas.
- Da pesada heim.
- Que nada, estou leve, maneiro, sou meninão de novo.
- E você Luciano?
- Eu estou trabalhando para caralho, minha namorada me deu
um chute na bunda.
- Namoradas veem e vão, fique sozinho e transe com o máximo
de garotas que sua pica permitir.
- Não tenho mais 20 anos amigão, estou bem sofrido.
- Vai ao prostibulo. Garanto que alivia.
- Nem fodendo dar 200 pratas para foder.
- Mano você dá muito mais do que 200 pratas quando está
namorando e ainda recebe cobranças, escuta acusações, desculpas para não trepar
e toda a lenga a lenga de mulheres.
A Irmã do Pedro estava passando nessa hora, me olhou com um
olhar cheio de ódio, eu sorri e acendi um cigarro ela saiu com cara de
tartaruga.
- Ela me odeia senhores!
O riso foi geral, o Pedro entrou na sala com uma lata de
cerveja e um copo de 1 litro desses de combo de cinema, abarrotado de Vodca com
uma leve lembrança de Schweppes, dei um gole e por muito pouco não vomitei
tudo, respirei, dei um trago na minha cerveja e uma tragada no cigarro, pronto,
eu podia dominar o mundo.
Ficamos jogando Poker e matamos umas 47 latas em 4 pessoas
e 2 garrafas de Smirnoff, eu fiquei maluco. Acordei com o sol batendo em minha
cara, estava jogado no chão, sem camiseta e tênis, o Wagner estava no sofá,
roncava feito um porco, nem sinal do Luciano. Levantei, fui para a sacada, a
porta havia ficado aberta, estava sol, mas de noite deve ter feito um puta
frio, eu estava congelante, peguei meu cigarro e acendi, a fumaça subia de
forma compassada, um milagre de DEUS, minha cabeça dava pontadas horríveis,
minha voz eu sentia que estava totalmente cagada, estava vivenciando uma
ressaca daquelas e tentava lembrar algo da madrugada, não conseguia me lembrar
de nada, fui em direção a cozinha, abri a geladeira, dei uma golada na garrafa
de agua até me babar, foi um alivio, ainda tinha 1 lata a salvo, peguei, abri e
matei em uma única talagada. Voltei à sala, calcei meu tênis e vesti minha
camiseta, não achava minha jaqueta, fui dar uma olhada no quarto do Pedro. Ele
estava apagado, barriga para cima, ronco, achei minha jaqueta, peguei, sai e
fechei a porta, a porta do quarto da irmã do Pedro ficava em frente, resolvi
dar uma espiada, abri e me deparei com ela totalmente nua, seus seios, rosto
nipônico, seus pelos da xota. Dormia profundamente e ao seu lado, sem roupa
alguma e também dormindo estava o Luciano com sua pica mole de 20 centímetros.
Fechei a porta e resolvi ir embora, não acordei o Wagner que ainda roncava
feito um porco no cio.
Alguns caras tem toda a sorte do mundo, eu vou me virando
com minha voz rouca, minhas ressacas e meu subemprego, não se pode ter tudo.
Mas uma coisa eu tenho certeza, nunca comi uma oriental e nunca irei comer.
3 comentários:
Mano, Você escreve muito bem, me amarro nas suas crônicas.
Por Favor continue !!!!!!!!!!
Foda!
Se esforçou muito pra ser racista e machista ou é tudo natural???
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