quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Max Wilson parte II

Finalmente tinha tido minha grande chance na vida, iria entrevistar o grande escritor brasileiro Max Wilson, escritor e pintor, seu último romance havia vendido um bocado de livros, Max Wilson era o escritor da moda, o retorno do “beat”, a forma maldita de se escrever, eu tinha todos os seus cinco livros publicados, e Max Wilson sinceramente havia feito a minha cabeça de alguma forma, sua escrita simples, seus delírios e tudo mais haviam modificado a forma de muitos pensarem o que é realmente literatura. A revista em que trabalhava tinha uma forte circulação nacional, e eu havia sido incumbido de entrevista-lo.

Durante a semana que antecipava a entrevista eu estava nervoso, preparava minhas perguntas e sentia medo dele me achar um completo inútil. Bem foda-se, seja o que Deus quiser, fui para o bar depois do expediente todos os dias e aliviava a tensão regrada a bebidas e cigarros.

O dia finalmente chegou, iria da minha casa direto para a dele, eu morava em Osasco, ele morava na Vila Mariana, fui de carro, tive problemas para achar o endereço, depois tive mais problemas para achar um lugar para estacionar, tinha um Uno Velho, caindo aos pedaços, mas não queria ser furtado de forma alguma, não tinha dinheiro para comprar outro carro, então tive que deixar num estacionamento a quase quatro quadras do prédio do meu herói e desembolsar 20 pratas por 3 horas, iria ser reembolsado, estava na ansiedade, finalmente iria conhecer e entrevistar Max Wilson.

Cheguei ao prédio, um prédio bonito, pintado num leve tom de vermelho. Parei em frente a portaria e pedi ao porteiro que me anunciasse, eram quase meio dia, o sol estava a toda, eu suava feito um porco na brasa, e ainda tinha a questão do nervosismo, veja bem, sou um profissional, mais conhecer o herói não é todo mundo que consegue, e eu, estava finalmente conseguindo. O porteiro apertou um botão e a porta eletrônica abriu. Me falou que o apartamento ficava no terceiro andar, eu meu dirigi Hall do prédio, cheguei ao elevador, apertei o botão de subida e aguardei alguns instantes, o elevador havia finalmente chegado, de dentro saiu uma velha com cara de lesma com sal, ela me disse bom dia, eu respondi e pude perceber dentes medonhos naquela boca, fiquei jururu e mais nervoso do que já estava, entrei, apertei o botão que indicava o terceiro andar, a porta se fechou, o elevador começou a subir e parou no andar indicado, sai fui até o apartamento 20 e toquei a campainha, aguardei um pouco e finalmente a porta se abriu, e lá estava Max Wilson, vestindo uma bermuda amarela, uma camiseta branca com um desenho de aves e chinelo de dedos.

- Olá!

- Olá. Eu respondi com a voz um pouco tremula.

Fiquei olhando em seus olhos, e pude perceber o brilho de sua alma através dele, ele tinha uma cara horrível, cheia de furos, parecia até areia mijada, o cabelo nascia de forma descompassada, um fio caia na testa de um jeito engraçado e um tanto triste, mais em seus olhos via-se vida, via-se uma alma de alguém vivo.

- Garoto, você vai ficar ai parado me olhando ou vai tratar de entrar?

Entrei, ele me indicou a sala, me sentei no sofá.

- Você bebe?

- Sim senhor!

- Senhor? Por Deus, quem resolveu mandar você aqui!

Havia começado mal, consegui ganhar já antipatia dele, tremi, mais fiz uma cara de um sujeito durão!

- Me chame de senhor outra vez, e te expulso daqui a pontapés!

- Ok Chefe.

Max Wilson foi até a cozinha, trouxe um pequeno balde de gelo e dois copos, tinha uma geladeira na sala, ele a abriu, pegou uma garrafa de Chivas e me perguntou se eu queria com soda ou água, respondi que com soda era melhor pro meu estomago, ele pegou uma lata de soda e me trouxe, nos sérvio o Whisky colocou duas pedras de gelo em cada um dos copos e me passou um, abri a lata de soda e misturei um pouco ao whisky, virei minha bebida, ele também. Serviu-nos mais uma dose e eu fiz a mistura com a soda novamente, bebemos um trago e nos olhamos.

- Bem podemos começar! Ele me disse.

- Posso tirar uma foto sua antes?

- Claro boneca, fique a vontade!

Tirei algumas fotos, uma dele bebendo o whiky, uma dele fumando e mais algumas dele bebendo sentado.

- Pronto, acho que já está bom. Max Wilson, qual é tua inspiração?

Liguei o Gravador.

- A vida, a dureza, a fome, o sexo, às diarreias, às ressacas, os foras, às brochadas, as surras!

- Pesado não! Seu primeiro romance foi o Enterrado de pau duro, vendeu muito bem, nesse romance você fala sobre um homem que é aposentado e que transa com a empregada de vez em quando e joga algum dinheiro em sua porta depois do sexo. Você passou por algo parecido?

- Na verdade essa é a vida de um conhecido meu só dei o meu requinte, pois no geral a vida dele é como um cagalhão de mosca, ninguém vê, mais existe.

- Depois vieram Amarrado pelo escroto, Um dia pós-dor de barriga e ressaca e o livro de poemas Qualquer imbecil pode se sentar num banco de bar e fingir que está vivendo, todos de maiores sucesso do que o primeiro. Qual o seu favorito?

- Odeio todos.

- Como assim?

- Acho que errei em algum ponto!

- Explique, por favor!

- Muita gente que não sabe nada do que é viver, acha que vive pois leu meus livros, fico meio pra baixo, mas enquanto alguém comprar, terei dinheiro pra beber, então não é tudo perdido, sabe recebo cartão de pessoas do país inteiro que querem me conhecer, beber comigo, mulheres que querem trepar e essas coisas.

- Você responde essas cartas?

- Só das mulheres que querem trepar!

- Você já foi casado duas vezes, o que aconteceu?

- No geral, quando se tem minha aparência e vive-se como eu vivo, sempre sai algum tipo de merda, só encontro mulheres loucas e que são possesivas, minha primeira mulher a Valéria era completamente desajustada, no começo era tudo lindo, ela fazia ovos mexidos e torradas de manhã, pura balela, depois de um tempo, ela mostrou ser mulher, e mulher é tudo igual.

- Dizem que você é racista, isso é verdade? tem algo contra os negros?

- Nada contra, os negros são legais.

- Você tem preconceito?

- Todos temos não é mesmo!

- O seu último romance Noites mal dormidas e xoxotas mal comidas, recebeu boas críticas, você está sendo fortemente comparado a Nelson Rodrigues e Jorge Amado, o que acha disso?

- Não acredito em críticos, críticos são os frustrados que criticam os outros com a única intenção de nos colocar pra baixo, são como vermes, parasitas que não tem utilidade, nem elogios deles me deixam de forma melhor ou pior, fico indiferente sempre.

Ele virou sua bebida, eu virei a minha, Max Wilson nos serviu mais, coloquei no meu mais um pouco de soda, a soda acabou, ele me ofereceu mais, disse que não precisava que eu beberia puro mesmo.

- Acha que sua escrita tem a essência de algum escritor?

- De todos um pouco!

- Fante, Mailler, Celine, Bukowski, Kerouac?

- Sim de todos um pouco!

- Já leu Crepúsculo?

- Não, mas deve ter algo dele no meu livro!

- Gosta de Paulo Coelho?

- O acho fraco e tedioso, só consegui ler alguns trechos de alguns livros, não tenho saco pra ele!

- Ele é o escritor brasileiro que mais vendeu livros.

- A Dilma também foi eleita por maior parte da população e nem por isso acho que ela é boa!

- O que acha sobre política?

- Não me envolvo em nenhuma causa, odeio todas às causas na verdade.

- Você tem vaidade?

- Não, e também não tenho nada além desse apartamento, não compro roupas, não tenho carro, gasto meu dinheiro com a vida!

- O que você quer dizer por vida?

- Bebidas e prostitutas.

Ele virou seu drink, eu virei o meu, nos serviu novamente, eu dessa vez comecei a beber puro.

- Bem, Max Wilson, o que você tem a dizer para os seus leitores?

- Continuem comprando meu livros.

A entrevista encerrou, já passavam das duas da tarde, matei meu quarto copo. Ele matará o dele.

- Você trabalha bem nas bebidas garoto!

- Faço o possível, a bebida e a música são às únicas coisas que me fazem sentido!

- O que achou dos meus livros?

- Você fez minha cabeça!

Bebemos toda a garrafa, fumamos e falamos sobre bocetas, músicas, e preocupações modernas, Max Wilson não era um homem amargurado com tudo que já tinha passado na vida, os olhos dele brilhavam pra valer, ele tinha alguma coisa, mais eu também tinha, eu me sentia vivo perto dele, ele era um grande escritor, um grande cara. Ele me falou sobre às ideias da sua novela, e me confidenciou que já estava escrevendo, o romance era sobre um cara que trabalha numa gráfica e vive como um robô, e só consegue transar com prostitutas de luxo, eu disse que seria um grande livro, resolvi ir embora, já eram quatro da tarde, não queria pegar o rush paulistano.

- Bem Max Wilson, mandaremos uma cópia da revista, sua entrevista já sai na próxima edição.

- Ótimo garoto, manda ver.

- Tchau.

- Tchau.

Apertamos às mãos como cavalheiros, eu me virei e chamei o elevador, ele ficou na porta me olhando e fumando seu cigarro. O Elevador chegou, abri a porta, estava entrando e Max Wilson me chamou.

- Garoto.

- Oi?

- Vá Pegá-los!

- Certo Max...

Depois de dizer isso me senti mais vivo do que nunca, eu sabia o que ele queria me dizer. Entrei no Elevador, apertei o botão que indicava o térreo, estava meio alto.

Eu havia finalmente conhecido meu herói, bebi com ele, estava meio alto, mais feliz. Sai do prédio, andei quatro quadras em direção ao meu carro, entrei nele dei partida e fui embora.
Na marginal estava um transito bem forte pro horário, fiquei emburrado, acendi um cigarro e dirigi a 10 km por hora durante um bom tempo, iria demorar pra chegar em casa aquele dia.

sábado, 8 de outubro de 2011

Um fracasso de qualquer forma

Dois macacos jogam baralho.
Eu paro em frente, boca semi aberta, não acredito no que vejo.
Eles me olham, param de jogar e me convidam pra sentar.
Olho, não tem cadeira, pisco, e uma cadeira ao meu lado aparece.
Arregaço às mangas e me sento.
Eles me dão às cartas, o jogo é 21.
Perco na primeira mão, perco na segunda e suscetivamente até a sexta.
Meu dinheiro acaba, me levanto e desisto. Sou um fracasso!

Abro os olhos, estou deitado em minha cama,
solto um peido, fétido, enxofre puro. Sorrio.
Vejo um copo com um restante de vodca ao lado da cama,
bebo em uma unica talagada.
Cubro a cabeça, penso no fracasso que sou, durmo novamente.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sem ganancia!

Meu cigarro chegava ao fim, já estava somente a bituca com aquele cheiro característico de morte, aquele cigarro acabava da mesma forma que meu animo para minha vida, ficava em minha cabeça fazendo vários questionamentos sobre o motivo de só me foder, e nunca chegava a conclusão alguma. Joguei o cigarro no cinzeiro e dei um gole no meu vinho, vinha vagabundo claro. Lá fora o dia chegava a sua forma mais bela, o sol estava alto, e vivo, olhei para a janela e tive vontade de fechar a cortina, infelizmente não tinha cortina e tive que aceitar que ao menos algo estava bonito naquele dia. Acendi mais um cigarro e levantei para colocar algum disco para tocar, dedilhei por David Bowie, Rolling Stones, Beatles e parei no Dark Side Of The Moon, coloquei o disco e começou a tocar Speak To Me, sentei no sofá dei uma boa tragada no cigarro, soltei e metei meu copo de vinho, o som enchia o ambiente, eu me sentia bem. O telefone tocou, levantei e fui atender.

- Oi.

- Olá quem é? - eu perguntei.

- Verônica.

Verônica era minha ex-namorada, havia me sugado a vida, eu ofereci a minha vida, ela quis mais, não pude dar, ela terminou comigo e após alguns dias estava namorando o chefe dela, tenho certeza que fui corno, mas enfim, isso não me importa em nada, nunca me preocupei muito com que os outros iriam me fazer ou se iriam fazer, a consciência é sempre de cada um, se você pode viver assim, então faça sem mais delongas. No começo foi tudo ótimo, nos conhecemos em um bar, não sei bem o motivo, mas aquele dia eu estava bem animado, ela era amiga de uma amiga minha, conversamos sobre músicas, filmes de todos os gêneros, o papo fluía de forma descomplicada, rimos, bebemos, cantamos e dançamos. E no fim nos beijamos, começamos a nos encontrar e o namoro foi inevitável, e às brigas também, nos desentendíamos com frequência e o fim foi ela ter dito sobre a minha falta de ambição, eu não quero ser rico, não tenho essa pretensão, não quero ter carro, pago meus impostos e uso o transporte publico e por isso sempre fui julgado.

- Oi. - respondi.

Ao fundo a música era On The Run.

- Queria saber como você está.

- Com qual proposito? Foi você que me largou.

- Só quero saber se você está bem?

- Estou sim.

- Comprei um carro.

- Isso é muito bom.

- E você quando vai comprar o seu?

- Não tão cedo, não preciso, tenho metrô e nas urgências tenho táxi.

- Você nunca vai pensar em futuro?

- Por mil diabos, eu estava aqui em casa tranquilo, bebendo, fumando ouvindo música, e você me liga pra me acusar. Vai cuidar do seu namoro!

- Não grita comigo!

- Diabos entenda o seguinte, você disse que eu não tenho perspectiva de vida, só porque eu não tenho ganancia, não quero juntar dinheiro, não tenho carro e bebo tudo que ganho. Escuta, prefiro que minha vida continue assim, não tenho o olhar cinzento, eu vivo.

- Eu queria que você amadurecesse. Apenas isso.

- Enfia tua vontade você sabe onde, eu to te prevenindo, não me ligue mais!

- O que você vai fazer, me bater?

Desliguei o telefone, sentei no sofá bastante macambuzo, diabos, ela havia deixado minha tarde pior, acendi mais um cigarro e fui até a cozinha, peguei uma cerveja, abri e dei uma talagada, voltei pro sofá e me esparramei, iria fazer daquele dia um dia agradável, iria sair, beber, e ficar feliz, ninguém iria me irritar, ninguém iria estragar meu sábado, virei minha cerveja, apaguei meu cigarro, e vi o sol já baixando, desliguei o som e sai, iria me alcoolizar aquele dia, agora estava livre, continuava sem ganancia, mas continuava muito bem obrigado, quando apaguei a luz o telefone tocou, pensei em atender, desisti, tranquei a porta e sai.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Apaixonado por uma puta!!!

Era mais um dia triste e sofrido de trabalho indo embora.  – Diabos. Perdi 10 horas da minha maldita vida. - Pensei eu todo jururu. A minha única alegria naquele dia insuportavelmente quente era o meu bom e velho salário na conta, que como já era o quinto dia útil de dezembro se acumulara com o décimo terceiro. Uma das poucas e boas coisas que o governo brasileiro havia nos dado.

- Falou chefe. – disse para o porteiro do meu trabalho caminhando de forma sofrida.
- Falou Marlon, até amanhã, vai com Deus.
- Obrigado e amem chefe. Fiz um movimento de joia com minha mão esquerda.

Fui caminhando até a estação de metro Carrão, próximo à estação havia um bar horrível, mal cheiroso, deprimente, cheio de pessoas sofridas, velhos com unhas amarelas, dentes escassos, cabelos ralos, caras sofridas e olhos sem o menor brilho, enfim era uma pocilga sem igual, atravessei a rua e entrei no bar, às vezes ia lá comprar cigarros e tomar algum trago lá, mas sempre saia rápido o bastante para não me deprimir com aparência daqueles malditos seres sem dignidade que lá frequentavam.

- Chefe me manda um Lucky Strike branco e uma Skol.
- É pra já xodó. - Me respondeu um maldito de uma cabeça chata, com luzes no cabelo, pele morena de sol e cara sofrida, tinha uma orelha que com certeza o fazia voar feito uma andorinha em seus dias mais plenos de tristeza e ainda tinha coragem de usar um daqueles brincos de imitação de diamante. O cara era feio ao extremo, era o filho do dono, devia ter acabado de chegar do extremo do nordeste, pois tinha um sotaque ainda bem carregado, o pai dele era o dono do bar, um cara sofrido, com olhos miúdos e nada simpáticos, não estava no bar naquele momento por sorte, iria ficar mais deprimido se ele tivesse.

Fiquei olhando uma mulher passar do outro lado da rua, seu rabo era maravilhoso, pensei em meter com ela durante anos e viver uma boa vida, porem não tinha sorte e capacidade o bastante para traçar aquele cu, sendo um proletário da mais nobre classe trabalhadora, gráfico.

- Ta aqui xodó, sua cerveja e seu cigarro meu bacana.
- Ok, e estiquei minha mão lhe passando uma nota de dez reais toda amassada.

Acendi um cigarro, que alivio, dei uma tragada forte e despejei cerveja em meu copo, matei o primeiro copo em uma única talagada, foi bem agradável, me servi de mais cerveja enquanto expelia a fumaça do meu tabaco tostado e sorvia bons goles da minha cerveja. Enquanto tomava minha cerveja, que apesar de o bar ser um lixo estava extremamente gelada tomei um tapinha nas costas.

- Fala ai Marlon.
- E ai Roberto de boa.
- Suave man. - Me respondeu já olhando para o atendente cabeça chata e pedindo um maço de Marlboro vermelho.

Roberto trabalhava comigo, era um cara bacana, um dos poucos que trabalhavam naquele lugar, era um frustrado no emprego igual a mim, ganhava bem, mais não era nem de longe feliz, rezava todos os dias para ser mandado embora, talvez por isso tivéssemos certa afinidade, ele não tinha a cara cinzenta que nem a dos meus colegas de trabalho, seus olhos eram vivos, brilhantes. Éramos de setores diferentes, eu era da área comercial e ele do financeiro, tínhamos uma afinidade musical muito grande e fumávamos tomando café durante a tarde sempre falando de nossas bandas e influencia musicais, minha banda favorita era Rolling Stones a dele era Doors, às vezes saímos para tomar cervejas e sempre bebíamos além da conta e ficávamos de ressaca no outro dia no trabalho e isso era uma tortura, Roberto era um dos caras mais feios que eu já havia conhecido, ele tinha uma cabeça engraçada, orelhas pequenas e nariz grande, seu queixo se misturava ao pescoço de forma melancólica, mas tinha um brilho nos olhos de quem vive, eu também não era lá essas coisas, por isso criamos um respeito mutuo, apesar de eu ter poucos amigos, considerava ele um amigo, pelo menos enquanto trabalhasse lá.

- E ai seu verme o que vai fazer hoje, qual o babado? – ele me perguntou com uma cara de sabedoria milenar.
- Porra nenhuma. Vou tomar algumas e ir embora.
- Estou de carro hoje, temos dinheiro na conta que tal irmos para um cabaré.
- Haha cabaré é ótimo.
- Sério man. Vamos pra essa porra tomar uns drinks e comer alguma xoxota.
- Sossega seu facho cara, gastar dinheiro em cabarés é algo que não faço há muito tempo.
- Vai tomar no seu cu porra, larga de ser frouxo, vai e pronto, mata logo esse copo e vamos pra lá.
- Caralho homem, depois para ir embora é um pé no caso.
- Você mora na Vila Mariana não é?
- Isso.
- Então pronto, te deixo lá depois, e outra hoje já é quinta, só vamos ter que trabalhar de ressaca mais um dia apenas.
- Quero mais é que se foda, vamos nesta merda então. – virei meu copo, acendi mais um cigarro e puxei uma longa e bela tragada do meu Lucky e saímos do bar.

Entramos no carro, ele ligou o som e fomos ouvindo Kansas.

- Você tem 170 pratas ai man? – ele me perguntou.
- Sim por quê?
- Porque esse é o valor da multa pela falta de cinto de segurança, então se você não quiser pagar isso coloca a porra do cinto.
- Pega leva paizinho, já vou colocar, e não me ofenda. – disse apertando o acendedor de cigarros e me preparando para fumar mais um tabaco enrolado e tostado.

Chegamos ao nosso destino em menos de quinze minutos, deixamos o carro no estacionamento e fomos entrando. Na entrada o segurança pegou nossos nomes, anotou em uma prancheta estúpida e sem fundamento e nos deu um cartão, nele havia um número de comanda, o nome do lugar era Castelo Bar e no verso do cartão em letras garrafais um aviso dizendo que a perda da comanda acarretaria no pagamento imediato de 600 reais. Enfim, entramos e chegamos a uma área de lazer, com mesas e cinzeiros, já que depois da lei antifumo, os fumantes tinham que fumar em locais abertos.

- Maldito José Serra. – praguejei.
- Você já vai começar?
- Porque, você me pergunta isso? Diabos você não está vendo, os fumantes são mais perseguidos hoje em dia do que os Judeus na 2ª guerra, isso é absurdo, tenho certeza que se o Serra fosse eleito presidente da republica, ele iria nos fazer andar com uma faixa no braço, só que ao invés de ter uma maldita estrela judia, teria um maço de cigarros e uma frase dizendo que fumar causa câncer.
- Hahaha, queria saber de onde você tira todas essas ideias. Relaxa e aproveita. No quarto você pode fumar, e outra, cigarro será a ultima coisa que você irá pensar no meio de todas essas mulheres gostosas.
- Esse lugar, caso Deus resolva fazer o apocalipse será um dos primeiros a ser queimado man, aqui iniciaria a faxina dos céus. – Disse apontando para os céus.
- Haha tomara então que ele não resolva fazer isso hoje, se bem que se é para morrer no Apocalipse que eu morra trepando feito um animal.
- Haha, tem a ver, que sucesso.

Descemos uma escada para o andar de baixo, o lugar era pouco iluminado mais bem agradável, havia uma mesa de sinuca em um canto, várias mesas de madeira, telões de LCD espalhados no ambiente, e um extenso e bom bar, com um garçom com uma cara bem simpática. Estava acostumado a lixos, mas esse puteiro era bem bacana.
Acomodamo-nos em uma mesa no canto, veio um dos garçons e anotou nosso pedido, duas doses de vodca pura e duas latas de cerveja e uma porção de salame com azeitonas, em poucos instantes já estávamos desfrutando de nossos drinks, pedimos mais duas latas de cerveja e mandamos trazer uma garrafa de vodca, sairia mais barato do que ficar pedindo em doses, bebemos e comemos e rimos. A ideia aquele dia era ficar bêbado.

- Chefe como é o seu nome? – perguntei ao garçom.
- Haroldo.

Roberto esboçou um sorriso ao ouvir o nome e o sotaque do garçom, mas quando ia fazer algum comentário uma das meninas da casa, se aproximou de nós, nos cumprimentou disse que seu nome era Carol e sentou-se ao lado dele, a garota tinha uma beleza fantástica, pequena, mas um corpo extremamente bem desenhado, cabelos lisos e pretos até a altura dos ombros, uma barriga maravilhosa e tinha uma tatuagem de dragão cobrindo toda a costela do lado direito do corpo, um sorriso fascinante.

- Vamos subir os três? - Carol nos perguntou.

Roberto me olhou com um olhar que já dizia tudo sem que qualquer palavra fosse pronunciada.

- Acho que vou ficar aqui em baixo bebericando meu drink, suba você com a Carol.
- Vamos velho, vai ser muito louco.
- Nem fodendo, não irei pagar para meter, meu dinheiro é para bebidas, somente para bebidas paizinho, se alguém quiser me dar levo para meu apartamento. – eu disse dando uma boa talagada em meu drink com um olhar de classe.
- Vamos cara, deixa disso!
- Sou um bom vivant, quero beber, se depois de beber me der vontade eu subo.

Roberto balbuciou alguma coisa que eu não entendi e me disse que eu era muito chato quando queria, um sorriso de escárnio brotou no canto da minha boca e o mandei tomar no centro do cu, ele puxou a xinoca perversa e os dois subiram para o quarto, dei mais um trago na minha vodca e pedi mais uma cerveja, aquela noite estava apetitoso, mas não para foder e sim para beber. Fiquei bebericando durante uns cinco minutos sossegados até que chegou uma garota ao meu lado com um perfume bem característico de garota da vida, um cheiro doce, cabelos castanhos e enrolados, uma mini saia que deixava suas belas pernas amostra, uma blusa bastante decotada, um batom vermelho, um salto altíssimo e um sorriso belo, me cumprimentou e me olhou com os olhinhos pequenos e verdes.

- Oi amor, meu nome é Rosa.
- Olá coração, Marlon muito prazer. Disse dando um beijo em seu rosto.
- Todo meu. Anjo me fala o que você procura hoje?
- Não procuro nada baby, apenas um bom drink e um pouco de dignidade.
- Quer diversão hoje?
- Já estou me divertindo, bebendo!
- Vamos subir e namorar um pouco vai.
- Não posso fazer isso coração. Estou apenas querendo drinks, toma alguma bebida?
- Sim tomo uma cerveja.
- Ok. – Acenei com um braço para o garçom, ele se aproximou e eu pedi uma cerveja para a Rosa, ele deu um sorriso amarelo que enrugou toda sua cara feia e virou às costas.
- Quero subir com você!
- Baby, estou bebendo, tem meia garrafa de vodca e já te disse que provavelmente não irei subir, quando terminar essa garrafa, talvez nem consiga andar, quanto mais foder.
- Você tem um olhar misterioso.
- Veja bem boneca... – fui interrompido pelo garçom trazendo a cerveja ainda com aquele sorriso imbecil no rosto. - Obrigado chefe. – me dirigi ao garçom. - Então boneca, voltando ao que estava dizendo, veja bem, não sei se devo subir, acho que não sou muito fã da ideia de pagar por sexo, se quiser ficar aqui comigo, eu te pago bebidas, mas se depois de uma boa conversa você continuar com a ideia de ir para cama comigo, iremos para meu apartamento, fora daqui.
- Vou te convencer a subir comigo amor.
- Pode tentar, mas creio que não irá conseguir. - Matei mais um copo de vodca numa talagada. Fiz careta com certeza, desceu queimando, joguei cerveja por cima, uma mosca começou a me incomodar, e a música que começou a tocar não me agradou, era uma dessas novas modinhas de pop com sertanejo, quis ficar bêbado o mais rápido possível, enchi meu copo de vodca e entornei metade goela adentro.
- Você bebe muito né?
- Bebo mais do que fodo pode ter certeza coração.
- Nossa seu linguajar é brega, mas vejo classe em você.
- É claro que tenho classe coração, sou um gênio, infelizmente hoje somente eu sei sobre isso, mas um dia serei descoberto, mesmo que for depois da minha morte, ou seja, algo que não tardara muito a acontecer.
- Que horror anjo. Não diga essas coisas, atrai má sorte. Mas me diga o que você faz da vida?
- Sou gráfico por necessidade de trabalho para pagar minhas contas, mas nasci mesmo escritor e gênio.
- Você é escritor, sério?
- Sou sim boneca e dos bons, modéstia a parte o melhor que eu conheço dessa geração que só tem pederastas cretinos e emos.
- Escreve sobre o que?
- Sobre tudo, sobre a vida, sobre bebidas, fracassos e dividas e relacionamentos ruins e tudo mais.
- Tipo Bukowski e Kerouac?
- Você conhece Bukowski?
- Claro é o meu escritor favorito, gosto também de Norman Mailer, Hunter Thompson, Celine e Fante.
- Puta que pariu! – exclamei com a boca entreaberta e de queixo caído, aquela garota tinha os gostos muito próximos aos meus.
- Não esperava né, uma prostituta que sabe e conhece muito bem os escritores marginais.
- Sinceramente não baby. Acho que me apaixonei por você.
- Hahahaha bobinho. Faço letras, adoro ler esses caras, acho que eles transmitem a vida da forma mais realista possível, Shakespeare que se lasque.
- Um brinde a você – Disse levantando o copo. - E porque trabalha nisso, tendo que abrir às pernas para vários homens? – Virei o restante da minha vodca.
- Primeiro que aqui eu ganho umas dez vezes mais do que no meu antigo emprego, segundo porque adoro sexo, e às vezes conheço pessoas bem interessantes, assim como você.
- Na minoria das vezes, eu não sou nada interessante, estou um caco pra minha idade, bebo feito uma esponja, e estou bem barrigudo baby. E sabe ainda tem o lance do tamanho do meu pinto.
- Qual o problema do teu pinto?
- É apenas pequeno!
- Duvido você tem um brilho nos olhos que fazia tempo que eu não via, parece ter um membro grande.
- Quem dera. Eu sou vivo, boneca eu sou um gênio, tenho dignidade, não me tornei e nem me tornarei cinza manja?
- Haha você é engraçado, mas acho que você tem até uma boa aparência.
- Não sou não, sou triste, tenho que levantar cedo e fico preso num emprego de dez horas dia, e sempre sou obrigado a fazer mais quatro horas de extra, sou um infeliz.

De repente vi a cafetina da casa vindo em nossa direção com a cara fechada de poucos amigos, ela era um desastre, gorda e tinha um cabelo engraçado, sorri e esperei que ela se pronunciasse. Devo ter esperado por mais de um minuto, até que não me aguentei e proferi o seguinte.

- Coração, você quer fazer amor comigo? Pois já está prostrada na minha frente a mais de um minuto, posso lhe ajudar? – disse sorrindo e me servindo de mais vodca.
-Eu quero saber se você vai pro quarto com minha menina ou vai ficar enrolando e amaciando a carne?
- A proposta é boa, porem no momento só estou querendo tomar meu drink para decidir quando irei subir manja?
- Uh sei eu manjo muito bem seu tipo rapaz.
- Sossega teu facho e me manda duas cervas, uma para mim e uma para a boneca ao meu lado, e não me faça ficar com sentimento de coito interrompido.

Ela saiu bufando e mandou que o garçom me trouxesse mais duas cervejas, eu e Rosa demos risada e continuamos no bom papo.

- Estou afim de você anjo, e vou fazer uma coisa que nunca fiz, saio às onze horas, se você me esperar, eu te pego de carro e te levo pra sua casa.
- A proposta é ótima, eu topo.

A cerveja chegou, bebemos de leve conversando sobre várias coisas, olhei no relógio e vi que já eram mais de nove e meia, falamos sobre música, filmes e livros, ela me disse que tinha que ir andar para que não encanassem na dela, se levantou e pediu para eu esperá-la na esquina e me mandou um beijo, aquele dia seria com certeza um dia de sorte pra mim, caso não ficasse completamente bêbado.
Roberto desceu, os cabelos molhados, um sorriso idiota e sentou-se ao meu lado.

- Man, essa mina é muito foda. Quero come-la mais vezes cara.
- Pronto, vi que você vai falir nesse lugar!
- Claro que não. – Ele me disse olhando para o nada e se servindo de vodca.

Matamos a garrafa em dez minutos, e ele me propôs de ir embora, concordei, pagamos nossas comandas que deram bastante alta, principalmente a de Roberto e saímos, deixamos a comanda com o segurança e fomos em direção ao carro, acendi um cigarro e lhe disse que não iria com ele, lhe expliquei e ele me saudou, fumamos um cigarro juntos e ele se foi, fui pra esquina, acendi mais um cigarro e olhei no relógio, faltavam dez minutos pras onze, puxei uma boa tragada e soltei olhando pra cima, um pouco tonto é claro, um carro parou ao meu lado, a janela desceu e era ela, entrei no carro e lhe disse onde morava, ela ligou o GPS e me deu um beijo, um beijo quente, doce, um beijo que passava tesão a cada mexida de sua língua em minha boca. Ela estava linda, estava de saia, mais uma um pouco maior, os cabelos estavam presos e usava óculos, estava deslumbrante, fiquei pensando em como a vida daquela mulher poderia ser diferente ao meu lado, a cada sinal fechado, nos agarrávamos com sofreguidão, nos querendo amar ali mesmo, sem pudores, naquele momento nos amávamos, nos queríamos, queríamos sentir nossos corpos suados, e dormir abraçados e enrodilhados feito um casal de recém-casados.
Estávamos chegando, pedi para paramos no mercado, falei pra ela ficar no carro que jpá voltava, peguei alguns frios e azeitonas, uma garrafa de vinho tinto suave, uma Pepsi de dois litros para a ressaca do próximo dia, parei no caixa que estava livre, passei os produtos e pedi um maço de Lucky Stryke Silver, paguei e voltei para o carro.

Deixamos o carro dela na minha vaga no estacionamento e subimos nos beijando no elevador, morava no terceiro andar, entramos acendi às luzes, liguei meu iPod e coloquei Beatles para tocar, deixei às compras na cozinha, peguei o vinho e coloquei para gelar, peguei duas latas de cerveja e levei pra sala onde ela estava dançando ao som de Come Togheter, a beijei e abrimos nossas latas, disse que precisava tomar um banho, entrei no banheiro tranquei a porta, abri o chuveiro e sentei na privada, soltei um peido e na sequencia dei uma boa cagada, me limpei e entrei debaixo do chuveiro, tomei um banho rápido e sai, ela estava mexendo em meu iPod e vendo os sons que tinha, sai só de calça, abaixei e beijei sua boca, nos beijamos loucamente, levantei e fui em direção da área de serviço, pendurei minha toalha e coloquei às roupas sujas no cesto. Matei minha lata que já estava quente, e nos beijamos novamente, fizemos amor, não foi sexo e nem muito menos trepada, foi amor, a todo momento fazíamos carinho um no outro e nos beijávamos, foi lindo, a chupada foi fantástica, ela sabia usar a língua, mais foi uma chupada suave e apaixonada, terminamos, gozamos juntos e nos abraçamos, ela começou a chorar, disse que nunca tinha feito amor daquele jeito e me abraçou, adormeceu no meu peito e eu também adormeci, acordei com o despertador barulhento, eram sete horas da manhã, desliguei o despertador.

- Você já tem que ir né?
- Sim, mais não vou, quero ficar com você mais um pouco, vou faltar no trabalho. - Voltamos a dormir abraçados.

Acordamos às dez horas, nos beijamos, me levantei nu, e fui até a cozinha, preparei um café, ela se levantou nua e foi até a cozinha me abraçou por trás, senti seus seios roçarem nas minhas costas, ela beijou meu pescoço, nos servi de café, ela bebia de forma linda, fui até a sala e liguei para o meu chefe.

- Marcelo, oi é o Marlon.
- Pô Marlon o que aconteceu cara¿
- Fui assaltado e estou numa delegacia, hoje não vou trabalhar.
- Você está bem?
- Agora sim, mas estou limpo de tudo, carteira, dinheiro, cartões, tudo mesmo, tenho que desligar, qualquer coisa te ligo.
- Tudo bem Marlon, boa sorte.

Me virei e ela estava com um sorrido de pura malicia, algo maroto, demos risada da minha invenção, e fizemos amor novamente, foi mágico, a pedi em namoro, ela riu, eu disse que queria tê-la em meus braços pelo resto da vida, estava apaixonado por uma garota de programa, no fundo da minha cabeça vinha um aviso de cuidado, mas ignorava e me permitia viver aquele dia, viveria aquele dia seria mágico, seria um dia para se recordar, bebemos o vinho juntos, eu fiz uma porção de frios diversos e azeitonas e comemos e ouvimos música, Chico Buarque foi a trilha da tarde, passavam das quatro horas quando ela disse que tinha que ir, nos abraçamos e nos beijamos intensamente, ela se arrumou e descemos o elevador calados, chegamos ao subsolo.

- Vamos nos ver novamente?
- Sim, nos veremos com toda certeza, adorei ter te conhecido, e com certeza quero te ver de novo. – Ela me disse com voz sincera e apaixonada,  passei meu telefone pra ela, e não peguei o numero dela para não ficar que nem aqueles caras chatos que ligam a cada cinco minutos.

Nos beijamos e ela se foi, subi novamente para o meu apartamento e bebi umas cervejas, deitei no sofá ouvindo Los Hermanos e fiquei pensando na Rosa, meu celular vibrou, era um SMS, estava escrito o seguinte: ADOREI A NOITE, MEU NOME VERDADEIRO É FERNANDA, PASSO AI MAIS TARDE SE VOCÊ QUISER, É SÓ ME LIGAR, UM BEIJO CORAÇÃO.
Levantei do sofá de um pulo só, rindo e cantarolando Frank Sinatra, enfim a vida era bonita pra mim.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Que Chato!

Já estava em casa  fazia mais de 3 meses, desempregado, duro, passando necessidades, estava fumando feito uma chaminé russa, bebendo feito um irlandês ruivo e dormindo menos do que um cão no cio. Mas enfim de resto estava numa boa, a conta de luz estava aumentando, o gás estava aumentando e o cara que dividia apartamento comigo estava começando a ficar puto, dizia que não era justo pois ele ficava o dia todo fora e todo aquele blá blá blá de quem nunca faz sexo, pelo menos não sexo com seres humanos, mas enfim, eu sempre tomava a melhor das atitudes, o mandava fazer um belo CUVOLTS, que consiste simplesmente em enfiar um dedo no cu e outro na tomada e me sentia bem melhor por essa atitude.

Aquele dia havia ido dormir quase de manhã e acordei umas 8 horas com o sol batendo forte em minha cara, minha boca estava seca, a cabeça pesava como se eu tivesse com macrocefalia, meu estomago revirava, minha respiração era descompassada, estava acabado, com a barba de uma semana e em total frangalho. Constatei que estava dormindo no sofá da sala me levantei, fui ao banheiro, acendi a luz, peguei a pasta, coloquei na escova, abri a torneira, escovei os dentes, lavei o rosto, sequei o rosto, apaguei a luz, sai do banheiro, dei meia volta, dessa vez nem deu tempo de acender a luz, abri a tampa da privada e vomitei, vomitei muito, dei descarga, coloquei pasta na escova, abri a torneira, escovei os dentes novamente, desliguei a torneira, sequei o rosto e sai.
Sentei no sofá bem tranquilo, liguei a televisão e fiquei vendo noticias sobre radiação no Japão, terremotos em países de terceiro mundo, assaltos em saídas de bancos, assassinatos. Televisão definitivamente me deprime, peguei um cigarro e o acendi, dei uma bela e longa tragada, tossi, veio uma bola de catarro do meu pulmão, quase me engasguei, levante e cuspi, pensei em parar de fumar vendo o aspecto do meu cuspe escorrendo na pia até chegar ao ralo, mas infelizmente não tinha dignidade e culhão suficiente pra isso, então levantei minha cabeça com toda a pompa e classe possível e puxei mais uma bela tragada, dessa vez meu pulmão aceitou de boa, não tive como não soltar um sorriso desejando ironizar o meu pulmão que havia perdido pra mim e para o meu Lucky Strike filtro vermelho.

Sentei no sofá, fumando alguns cigarros por cima de outros e deixando toda a sala do apartamento empesteado pela boa e velha nicotina. Meu telefone tocou, levantei e atendi.

- Marlon.

- E ai sujão.

- Qual é a boa Fernando?

- A boa é eu ir ai pra sua casa e tomarmos uns drinks.

- A noite?

- Não agora!

- Como assim? Não vai trabalhar?

- Mandei aquela merda de empresa ir tomar no centro do olho do cu e pedi para ser mandado embora!

- Mas e ai, te mandaram de boa?

- Na verdade não, mas eu os ameacei de processos por assédio moral e talz.

- Deu certo cara?

- Na verdade não, mas quero mais é que se foda!

- Hahaha que sucesso. Tá pensando em chamar alguém?

- Não.

- E o Nelson?

- Está viajando.

- Comprei um LP do Serge Gainsbourg, ele iria gostar.

- Com certeza, ele é fanático pelo cara, ele sairia na mão com qualquer um por causa do cara.

- Isso tem a ver man, então okay gajo, pode vir a hora que quiser.

- Beleza pépe.

Desliguei o telefone, abri a geladeira e conferi que tinha apenas 3 latas de cervejas e uma garrafa de vodca no fim, praguejei, teria que sair e comprar cervejas, peguei uma lata de cerveja e um ovo, abri a lata dei uma bela talagada, peguei uma panela, enchi de água e coloquei o ovo para cozinhar, precisava me alimentar, e nada melhor para o meu colesterol do que um belo ovo estilo de boteco.

Depois que comi e matei às 3 latas de cervejas deitei no sofá e estiquei minhas pernas pigarreando bastante, cochilei, acordei com minha porta abrindo, detalhe é que não tenho chave, a porta fica 24 horas aberta, vi que Fernando entrava com uma garrafa de de vinho e já ia deixando sua mochila na sala, o porteiro já o conhecia, então sempre o deixava entrar sem anunciar.

- Que sucesso morar na mesma rua que você pépe!

- Total. Então tenho uma péssima noticia, estamos sem cervejas.

- Imaginei isso pépe, por isso peguei 4 latas na minha casa e trouxe pra cá manja?

- Porra como você é legal man.

- Eu sei que sou, e resolvi já que estou te vendo sofrido fazer um almoço pra você, pois sei que você é um desastre na cozinha, então vou cuidar de você como se fossemos casados.

- Hahaha que sucesso, eu amo você man, que Deus o abençoe e te faça feliz.

- Amém!

- Catolicismo é o que pega gajo.

- Tem muito a ver. - disse Fernando sorrindo. - Porra cadê o som na porra dessa casa?

- Estava com uma maldita de uma preguiça, por isso nem levantei e acabei cochilando, tenho dormido pouco.

- Você está pegando pesado com a tua vida.

- Essa é minha realidade.

- Pépe, você não vai viver muito nesse ritmo.

- Eu sei, mas enfim estou quase falido já, então se não conseguir algum emprego, terei que voltar pra casa da minha mãe manja?

- Isso te faria viver mais com certeza.

- Não sei se quero voltar pra lá!

- Porra man, sua mãe é style!

- Eu sei disso man, mas essa não é a questão, quero continuar a morar no centro do mundo manja? Morar longe é uma merda cara.

- Tá tá.

- O que você vai fazer de almoço.

- O que tem ai?

- Ovos, salsicha, macarrão, massa de tomate e queijo.

- Caralho man, não tem carne, frango e nada do tipo.

- Eu não moro com minha mãe, já é uma glória ter alguma comida.

- Haha podia ser pior, vou fazer um macarrão. Coloca uma porra de uma música pra rolar.

- Tá, tá, vou colocar.

Enquanto Fernando estava na cozinha, separando os ingredientes para começar o preparo do almoço, acendi um bom cigarro e comecei a passar o dedo pelos meus discos atrás de algo bom para o momento, peguei o Dark Side of the Moon que era um dos discos mais foda do mundo para o Fernando e coloquei para tocar, ele me deu um grito de alegria e me abençoou como um bom cristão.

O almoço estava excelente, macarrão com salsichas e cerveja gelada, comemos e bebemos bem, infelizmente às cervejas haviam acabado fomos ao mercado buscar cervejas e fomos conversando trivialidades do tipo mais trivial possível, música e bons livros e textos. Passamos por um boteco bem sujo e resolvemos parar, o bar estava animado, era sexta feira, mais de 6 da tarde e o bar já tinha algum movimento, o dono do bar era um cara bastante simpático, nos apresentamos, e sentamos em uma mesa, pedimos uma Skol e alguns amendoins e ficamos bebendo de leve total, o bar estava com bastante pessoas, animadas com o final de semana que finalmente havia chegado, um bom forro bastante brega, dávamos risadas, e falamos cada vez mais alto devido ao volume da música.

- Finalmente o final de semana chegou heim man, olha a animação dos trabalhadores!

- Finais de semana não fazem sentindo quando se é desempregado man.

- Larga de ser frustrado porra.

- Não é frustração é realidade man.

- Realidade o caralho, isso pra mim é frustração.

- Tá tá tá!

- O que você precisa é voltar a trabalhar e parar de se embebedar.

- Eu já estou reduzindo cara.

- Mas e ontem¿

- Adoro sair de quinta feira, tomar umas boas cervejas do bar roxo da Augusta.

- Bem, isso você tem razão, de quinta é de boa mesmo.

- Com certeza, estou reduzindo man, pode acreditar. Perai vou buscar um shot de Maria-mole, você quer¿

- Por enquanto estou bem de leve de shots.

Levantei e fui em direção ao balcão, pedi um shot. Enquanto aguardava a dose ser preparada, me virei e fiquei olhando ao redor do bar, risos e bebidas, tudo isso era muito digno e eu particularmente havia gostado muito de ter conhecido aquele boteco, seria uma boa solução, perto de casa, com bebidas baratas, e muita gente boa, havia uma mulher na faixa dos 50 anos dançando e sorrindo, fiquei olhando pra ela, meu olhar foi correspondido, fiquei com nojo de mim mesmo por ter olhado aquela mulher que estava um caco, mas eu também não estava lá essas coisas, ela tinha um rosto bastante sofrido, uma barriga saliente, quando sorria podia se notar que faltavam alguns dentes, mas ela tinha uma bela bunda, e estava precisando trocar meu óleo, virei meu shot e voltei pra mesa, Fernando estava ao celular com a namorada, acendi um cigarro e dei uma boa talagada na minha cerveja. Fernando desligou.

- Man, minha garota é muito style.

- Todas às garotas são style no começo, depois mudam, ou nós que somos cegos no começo, enfim, no final das contas dá na mesma.

- Você está à frustração em pessoa man, você precisa de um bom rabo pra currar.

- Já vi um bom rabo neste bar man!

- hahaha que piada man, aqui só tem velhas sofridas.

- Quero mais é que se lasque man. Olha aquela mulher dançando ali. Disse apontando para a mulher sofrida.

- Meu Deus man, bate punheta porra, essa mulher é horrível.

- Man, não existem pessoas horríveis, existe pessoas que bebem pouco isso sim.

- Que frase de banheiro de buteco porra.

- Hahaha, pode crer mais isso é realidade man, eu já peguei minas boas e desgraças completas, e na hora de meter minha piça da tudo na mesma.

- E qual é o segredo para ter uma ereção¿

- Pensa na Angelina Jolie.

- Hahaha, vou ter que ir embora, você vai ficar ai com a Jolie¿

- Mas é claro, ainda é cedo.

- Beleza então vou pagar a conta.

Fernando jogou a bituca no chão, pisou e vou em direção ao balcão, fiquei olhando a mulher que agora não estava mais dançando e sim numa mesa tomando pinga e cerveja. Fernando voltou.

- Bem, vou nessa man, paguei toda a conta, esta zerada, agora o que vier é seu.

- Beleza pépe, valeu.

Cumprimentamos-nos e Fernando foi embora, pedi mais uma cerveja e fiquei bebericando sozinho, começou a tocar samba, agora o som estava melhor, bebi com mais gosto, peguei minha cerveja me levantei e fui em direção da mesa da mulher.

- Posso me sentar¿

- Nos conhecemos¿

- Ainda não mais pretendo te conhecer mulher!

- Sério¿

- Sim, posso me sentar¿

- Claro, fique a vontade.

- Obrigado com licença.

Me sentei, acendi um cigarro, virei minha cerveja.

- Você bebe o que¿

- Rabo de Galo.

- Adoro mulher de atitude.

Pedi duas doses de rabo de galo e mais uma cerveja, a dose chegou virei em uma única talagada e mulher também virou a dose dela, conversamos sobre música, ela me disse que seu maior ídolo era Odair José, eu ri, ela riu, rimos juntos, nos beijamos, foi nojento, mas meti minha língua com muita vontade, nem estava tão bêbado, mas iria usar isso como desculpa a bebedeira, e tudo ficaria certo. A convidei pra ir a minha casa, ela topou, pagamos nossas contas e saímos, antes de sair percebi que o dono do bar havia me olhado de soslaio e dado um risinho, mas pouco estava me importando, fomos para o meu apartamento, entramos, peguei o vinho que o Fernando havia levado, a garrafa estava na metade, bebemos e nos beijamos, tiramos nossas roupas, ela me chupou, e foi uma boa chupada, coloquei a camisinha e cavalguei em cima dela, transamos muito e depois dormimos enrodilhados e quentinhos, aquela havia sido uma boa trepada, de manhã ela acordou e disse que tinha que ir embora, iria cuidar do neto aquele dia, nos beijamos e ela se foi.

Dei uma risada por ser tão desgraçado, ela tinha netos e isso era a coisa mais bizarra que já havia feito, definitivamente eu era um lixo de ser humano, fui ao banheiro, acendi a luz, peguei a pasta, coloquei na escova, abri a torneira, escovei os dentes, lavei o rosto, sequei o rosto, abri a tampa da privada, sentei, dei uma boa cagada, me limpei, dei descarga, fechei a tampa, abri o chuveiro, tomei banho, fechei o chuveiro, me sequei, apaguei a luz e sai.
Deitei no sofá, liguei a televisão e passei o restante da tarde com uma baita coceira nos culhões, diabos peguei chatos.

PONTO IMPORTANTE: NÃO ESCREVO PRA NINGUEM, NÃO FAÇO QUESTÃO QUE NINGUEM GOSTE, NÃO QUERO APLAUSOS!