sábado, 30 de outubro de 2010

Dor de barriga e boa música.

Tudo começou naquela tarde em que lia Norman Mailer no sofá da minha sala com trilha sonora do maior gênio musical que existe (exagero meu, às vezes sou exagerado mesmo), o garboso Frank Sinatra. Ao fundo o som de The girl from Ipanema num dos duetos mais geniais que eu já houve na história musical (olha eu exagerando de novo), Sinatra e Jobim, na verdade acho que é o segundo melhor dueto que já houve na música (percebem, mais uma vez hehe), só atrás de David Bowie e Fred Mercury em Under Pressure...

Tall and tan and young and lovely
The girl from Ipanema goes walking
And when she passes, each one she passes goes "a-a-ah!"
When she walks she's like a samba that
Swings so cool and sways so gentle,
That when she passes, each one she passes goes "a-a-ah!"

Senti uma dor abdominal insuportável, o barulho de Titanic afundando, soltei um peido de leve. – Jesus que cheiro de enxofre é esse. – Me senti em uma área vulcânica ou até mesmo na hipótese mais sonhadora, morto e no inferno, o cheiro era insuportável até mesmo para mim, que era o dono daquela flatulência. Estava claro que estava com uma destruição interna horripilante. - Talvez meu apêndice tenha estourado e tenha fezes por todo o meu organismo, mas isso não é possível, operei de apêndice há uns bons quinze anos, no mínimo. Levantei e fui dar uma cagada, sentei no meu vasinho e comecei a minha jornada, ao fundo a música já havia mudado, tocava agora Theme from New York, New York.

Start spreading the news
I'm leaving today
I want to be a part of it
New York, New York
These vagabond shoes
Are longing to stray
Right through the very heart of it
New York, New York

Terminei depois de alguns minutos, fiquei sentado mais um algum tempo pensando na minha vida, pensando em como a maioria das pessoas no mundo já estavam mortas, os sintomas de que uma pessoa já está morta são claros, olhos sem brilho, cabeça abaixada, sorriso para coisas estúpidas, cobiça ganância, e geralmente o único desejo dessas pessoas e conseguir guardar o máximo de dinheiro possível, ou no pior dos casos doarem malditos dez por cento de tudo que ganham para alguma igreja inescrupulosa e que irá lhe sugar todo o culhão dizendo o que você deve ou não fazer na sua maldita existência. Veja bem, não sou contra religião, igrejas nem nada do tipo, somente acho ridículo, um homem que peca tanto (ou mais na maioria das vezes, pois são hipócritas) quanto qualquer outro sujeito impor regras em nome de um Deus... Eu sou vivo, e bem na verdade conheço poucos que são vivos, aproveito, bebo, trepo, escrevo, ouço Marvin Gaye , trepo novamente com alguma sorte e jamais, jamais mesmo olho para os lados quando estou na rua, isso pode me consumir energia, pode derrubar qualquer cara vivo, e te transformar em mais um morto vivo das metrópoles, já pensei muitas vezes em me mudar para o interior, viver uma vida tranqüila, ter um trabalho digno, arrumar alguma boa mulher e ter três filhos sapecas, mas infelizmente o celular já chegou ao interior, haveriam ligações, algumas amigas minhas, que estão no meio termo entre a vida e a morte, sempre me perguntam porque esse meu preconceito com às pessoas, sempre respondo que nada tenho contra às pessoas, o problema é que quando passo tempo demais ao lado de um morto fico deprimido e não consigo escrever durante dias e dias, não como, não trepo, não bebo, ou seja, acabo quase entrando no mundo dos mortos, pensando em guardar dinheiro, em comprar coisas caras, em diminuir com o cigarro e às bebidas, diabos não sou o dono da verdade, não quero e nem muito menos tenho a pretensão de dar conselhos há quem quer que seja, mas porra, são os excessos que me mantém vivo. Limpei meu traseiro e resolvi tomar um banho, tomei uma ducha rápida, não tinha nada programado para aquela noite de verão de sábado, tinha um espelho enorme no meu banheiro, me olhei nu enquanto me secava, vi que estava acabado, minha barriga havia crescido muito nos últimos meses, estava com a barba rala e triste de uns dez dias, minhas unhas sem cortar, estava sofrido, mas ainda sim vivo. – Vou fazer dieta e cortar as unhas, a barba deixa crescer livremente. – Meus cabelos estavam sem corte, terminei de me secar e fui para o quarto colocar uma roupa, passei antitranspirante, vesti uma samba canção furada, um Black Jeans desbotado e fui procurar uma camiseta, se tem algo que me dou ao luxo de comprar sempre, é camiseta, minhas cuecas, meias e calças estão em sua grande maioria furadas velhas, não que às camisetas não estejam, porem sempre compro camisetas, acho algo agradável usar uma camiseta de uma de minhas bandas favoritas ou Hering simples sem estampa, mas enfim vesti uma camiseta branca do Black Flag e fiquei de chinelo de dedos, bastante agradável ficar tranqüilo em casa, sozinho, sem pentelhação, sem obrigação nenhuma com ninguém, estava velho demais para qualquer tipo de saída, estava cansado de muitas coisas, estava envelhecendo, e quando se envelhece, se cansa do mundo, meus cabelos, estavam estranhos, percebia um sinal de calvície às vezes quando me olhava no espelho, coloquei Elton John para tocar, a música era Skyline Pigeon, sempre me emociono como uma menina quando tem a primeira menstruação quando escuto essa música, tirei minhas calças e resolvi ficar só de cueca, deitei no sofá escutando a música e tentando não pensar em nada, dei um peido, levantei correndo e fui para o banheiro, havia me cagado. – Diabos, o cheiro ta uma droga de agüentar.

Let me wake up in the morning
To the smell of new mown hay
To laugh and cry, to live and die
In the brightness of my Day

Caguei bastante, só liquido, o cheiro estava complicado de agüentar, a dor de barriga causada por uma noite de vodca, wisks e cervejinhas sempre me fode, prometi nunca mais beber na vida, mas sempre faço essa promessa, nunca cumpro, é igual a promessa de fim de ano, sempre prometo diminuir os excessos, mas nunca cumpro com minha palavra, sou um fiasco com promessas, dei um peido, e caguei mais um pouco, meu cu já estava começando a doer, mas eu tinha Elton John, bebidas e minha própria companhia, não precisava de mais nada no mundo, sou um cara de sorte. Que Deus seja louvado, Amém.

6 comentários:

Ju disse...

rsrs... Mto bom!! Ai Mayk, os seus contos me inspira... rs.. Bjo Ju

Nanda Nunciato disse...

Você é GENIAL... meu irmão meu orgulho

Paulo Frandini disse...

Velho! Tú é o cara!
Muito bom!
Impossível eu não comparar seus textos a minha vida!!
Toda vez que leio seus textos parece que estou lendo a porra de um diário meu que não existe!
Ótimos textos!

Anônimo disse...

Presente em minha vida...
O que será que eu quero? Melhor como tudo começou...

Será que um dia eu vou descobrir como é viver ao lado dessa pessoa? Ou será que não é isso que esta nos planos de Deus pra mim?
Ele ainda não criou um conto para nos, então quem conta sou eu...
Eu, totalmente insatisfeita com a vida que estava levando, uma errada em minhas escolhas. Um namoro inútil, que me trouxe nojo por muito tempo, perdi a vontade totalmente de fazer sexo, ate de sentir amor por alguém...credo. Como o ser humano é ridículo, não vê que aquilo não é pra você, ou melhor, não quer ver... Quanta estupidez.
Por incrível que pareça meu ambiente de trabalho me fazia melhor do que em qualquer outro lugar. Nossa, eram risos, pessoas ótimas, engraçadas, estranhas, e um entre eles encantador.
Percebi que ele era totalmente diferente de todos que eu já conheci. Aquela risada, aquele jeito de me olhar, o seu jeito de falar. Tirava totalmente a minha atenção. Ele foi como um anjo, me resgatando das garras de um sentimento um compromisso ruim.
Realmente vivi um grande amor, que durou pouco. Foi rápido d+.
Porem deixou muitas lembranças e sentimentos bons. Como: Eu amo mostarda, amo roupa preta, meia preta então... haha um Maximo. As musicas, sempre em sintonias, nossas amizades, as conversas, as risadas, as passadas de mão, as meninas invejosas, os rapazes invejosos (“enquanto você olha, eu como” essa é a melhor frase de todos os tempos). Nossa...quantas lembranças.
Quando eu vestia aquela calcinha preta e a minha meia preta, já sabia que era o nosso dia de fazer amor...aquele fogo que eu sentia, era como uma virgem. Queria mais... Continuei querendo
Durante muito tempo te esperei, sonhei, pensei. Ate que um dia resolvi continuar a vida e não lembrava mais instantaneamente de você, e nem com tanta freqüência.
O mais engraçado é que todas as vezes que tive metidas em problemas, você vinha em minha mente, uma sensação, de conforto, de paz. De um carinho que ate hoje não sei como explicar.
Por que a gente deixou isso acontecer? Q merda, puta merda... Que raiva

“Jamais esquecerei o seu significado em minha vida”.

Anônimo disse...

Zzzzzzzzzzzz.... deu sono essa porra.

Agentes da L.O.U.C.A disse...

Eu tava procurando uma foto no "google imagem".Tava procurando algo como "máquina de escrever e garrafa de trago". Edito um blog coletivo em Porto Alegre. Li algumas poucas linhas das tuas colunas e achei muito bem escritas! Não sou gay, previno. Embora não tenha nada contra gays. Até pq. sou gaúcho. Estou meio de pileque não ligue pra isso que escrevo. Bem, meu nome é Tommy Wine Beer. Sou aspirante à escritor, e tô tentando me tornar um advogado, por isso tenho pouquíssimo tempo pra ler e escrever. Enfim, o que quero dizer é que o blog tá bom e estamos seguindo você! Que grande porcaria! OU QUE AVANCE A REVOLUÇÃO!
ASS.: tOMMY.