Estava sentado na minha cadeira em frente ao computador a pelo menos umas 3 horas, às palavras fluíam com uma inimaginável desenvoltura, eu sabia que era um gênio, eu sabia que seria o maior gênio deste século, que meu romance seria a bíblia dos bebuns, e era isso que queria, a cada vez que repassava às palavras ria e ria alto, cada vez mais feliz com a proximidade da perfeição que um escritor genial pode ter, eu seria comparado a Bukowski, Kerouac, Hemingway. Eu seria o escritor do novo milênio, um gênio reconhecido em vida e que após a morte iria deixar um legado de bons textos para as futuras gerações (se é que irá ter futuras gerações), não estava escrevendo um romance sobre um vampiro que se apaixona por uma humana, argh isso me causa profundo desanimo, mas estava escrevendo um romance cheio de humanidade, a mais pura decadência humana, o maior lixo da sociedade atual. Eu sou beat.
Terminei o capitulo que me tomou algumas horas do dia, peguei meu Maço de Lucky Strike, fiquei observando o circulo prateado que dividi o filtro do tabaco tostado e cheiroso daquele que com certeza era o meu cigarro favorito e o acendi expelindo uma fumaça azul para o teto pouco iluminado da minha sala, e me deixei viajar por pensamentos sexuais.
Imprimi às folhas que havia escrito, grampeei o papel e desliguei meu notebook, pronto, mas páginas para meu romance, li às mais de 30 páginas escritas e tive uma séria dificuldade em achar um final digno para o meu personagem, odeio voltar atrás nos textos e arrumar qualquer parágrafo, portanto fico colocando meu personagem em situações inusitadas e não sei como tirá-las, e não iria voltar e reescrever o que quer que fosse. Portanto meu romance já passava das 250 páginas e eu ainda não havia imaginado um final, mas sabia que aquele livro seria minha obra prima, o retorno da geração beat, ou melhor, uma nova geração beat. Apaguei meu cigarro num copo d’água e fui para a cozinha pegar algo para beber, peguei uma latinha de cerveja, abri e matei em uma única talagada, abri a geladeira novamente e peguei outra, abri e essa tomei lentamente para apreciar o sabor, sentei no sofá, liguei no telejornal e fiquei vendo às noticias sobre às catástrofes da terra, meu telefone tocou, levantei para atender, olhei na bina e vi que o número era do meu editor.
- Alo.
- Diga Jean-Paul! – esse era o maldito nome do meu editor, um Frances baitola mas boa gente.
- Ô Marlon meu querrido, como vai? – (o sotaque dele me irrita.)
- Bem meu maquereaux* o que você manda? – (* Maquereaux – cafetão em francês)
- Orra meu carro querro noticias sobrre o maior sucesso desde On The Road!
- Está fluindo.
- Como assim fluindo? Non está pronto?
- Claro que não, sou um gênio, vai ficar pronto no seu devido tempo.
- Clarro, jamais vou querrer atrapalhar sua criatividade.
- Ótimo, agora preciso descansar e colocar minha mente brilhante para descansar.
- Ok querrido, até logo.
- Passar bem.
Desliguei, voltei para minha cervejinha e para meu telejornal, precisava de uma tiriça para meter essa noite, mas estava sem disposição alguma para caçar, porem de qualquer forma precisava de uma trepada fumegante e dormir enrodilhado e satisfeito.
Estava completamente entediado e enjoado e enojado de tudo e de todos, não agüentava ver mais às mesmas caras cinzentas dos meus vizinhos, não agüentava mais ouvir a campainha do meu telefone, queria apenas apreciar a vida com algumas garrafas na geladeira, caneta e papel e talvez muito talvez ovos e presunto para petiscar. Fui dormir, meu dia estava um tédio completo e resolvi que no outro dia iria acordar cedo e continuar com meu maravilhoso romance, e que finalmente encontraria um final para o meu personagem. Tirei minha roupa, fiquei nu e fui me deitar, apaguei em questão de minutos.
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Enfim terminara meu romance, enviei para o meu editor que logo viu que era um texto genial, ele me ligou e me disse “ vou te colocar no programa do gordo, teu romance irá virar Best Seller, Oh, Uh, mon dieu como estou feliz, o gordo é meu chegado, você vai no progrrama dele, mon dieu que dia bom” e eu só dizia “ é claro que é bom me tomou muito tempo, às palavras fluem do meu cérebro para às mãos e posteriormente teclado” e ele voltava a dizer “ mon dieu, mon dieu, mon dieu” e eu precisava de um trago. Estava feito o maior romance de todos. O grande gênio (eu) havia escrito um grande romance sobre um delegado que se apaixona pela prostituta que é presa toda semana pelos seus soldados.
Enfim, após umas seis semanas recebo a ligação do Jean-Paul.
- Pronto fisemos a impreçom do seu livro, serra distrribuído hoji pela editorra. – (o sotaque totalmente carregado é claro) – estou te enviando cinco cópias e querro te convidar para uma festa da editora.
- Não sei se quero ir a uma festa!
- Voxe serra o grande astro!
- Não sei Jean-Paul.
- A bebida serra de graça!!!
- Uh ok vou pensar, quando é a festa?
- Oh mon dieu, non tinha falado dia, hihihi, serra amanhã às 23 horras, aqui no meu prédio no centro.
- Ok vai ver eu apareço por ai.
Não sou o maior fã de festas que existe na terra, mas bebida de graça, topo de qualquer jeito, teria que ir e beber todas que fosse possível, geralmente essas festas são bastante chatas, mas depois de eu beber muito costumo dar algum vexame e acaba sendo divertida no final das contas.
No outro dia sai de casa 22 horas, peguei o metrô na estação Paraíso e fui em direção ao centro, em 30 minutos chegava finalmente ao prédio da editora, havia um gorila na porta que pediu meu documento, eu dei minha habilitação já vencida há dois anos e ele me deu passagem. Eu estava de terno e gravata, usava uma gravata vermelha e um chapéu panamá, tenis All Star vermelho para combinar com minha gravata, ou seja, estava muito bem vestido para a ocasião, peguei o elevador e desci no 18º andar, toquei a campainha, um homem com cara de proletário do norte bem vestido me atendeu, e me mandou entrar, entrei e logo de cara vi um garçom passando com taças de vinho peguei uma e virei num único gole. Jean-Paul me avistou e acenou, fingi que não o vi, mas ele veio até mim.
- Ô meu grande gênio!
Eu disse "olá" e fiquei olhando para os olhinhos pequenos e redondos dele, ele usava roupas engraçadas e um sapato branco e vermelho, lenço no pescoço e fumava um cigarro com cheiro de cereja, ele me abraçou e pediu que eu o acompanhasse até um grupo de pessoas, passei no bar antes e preparei um whiskey “mijado” (para o leitor que não sabe o que é isso, é um copo com dois dedos d’água e quatro de whiskey) tomei um bom gole e preparei outro, não estava acostumado a whiskey bom, a garrafa era de Ballantine’s. Conheci algumas mulheres interessantes que ficaram me fazendo inúmeras perguntas sobre meus livros anteriores e de onde vinha minha inspiração para escrever todos aqueles textos, eu respondia que vinha da vida, que quando se é um duro e passa algumas necessidades é possível extrair o máximo de coisas boas e passar para o papel, então uma delas que tinha um nome engraçado, acho que era Julina me disse “ mas então hoje você não escreve mais como antigamente, hoje você é famoso, é tudo balela agora” e eu retruquei “ mas é claro que é balela, não passo mais fome, tenho dinheiro para os meus drinks e me visto bem, mas algumas coisas continuam em seus devidos lugares como morar em um apartamento pequeno, não ter carro, e continuar indo a botecos, e pegando prostitutas baratas e sem a menor classe, a grande diferença é que hoje não peço mais bebida e fujo quando o balconista se vira, hoje sento e pago o que bebo” e todo mundo achou minha declaração maravilhosa e diziam umas para as outras “ oh mais ele é deslumbrante, tem a face bonita, fala bonito” e eu empurrando cada vez mais bebida para dentro, após umas 2 horas de bebidas e falácias chamei uma negra alta e com um cabelo Black Power para dançar salsa, dançamos e eu fiquei roçando meu pinto nela, e apalpando sua bunda e coxas e ela nem ligava e sussurrava no meu ouvido “ sempre me masturbo lendo seus poemas” e eu dizia que se ela quisesse poderia ter meu pinto por uma noite e ela ria um sorriso franco, doce, quase angelical e meu pinto cada vez mais duro roçando na sua perna e todos em volta percebendo, pois calça social e ereção definitivamente não andam juntas, e todos riam e eu bebia e bebia e me divertia.
A negra se chamava Naila, tinha um corpo maravilhoso e seu traseiro era deslumbrante, coxas perfeitas e um gingado fantástico, estava afim de mim e eu estava afim dela, mas o whiskey não me deixava chegar junto e convida - lá para ir a minha casa, a bebida era de graça, e eu tinha que beber, às vezes beber é melhor do que foder, a bebida no máximo te deixa de ressaca no outro dia e apenas um único dia, a foda pode te dar uma dor de cabeça para o resto da vida, e cada vez que eu virava um copo e olhava para o alto via aquela cara negra me olhando e me convidando para o prazer eu quase podia ouvir seus pensamentos “vamos transar, vamos ter filhos e vamos nos casar e ter uma vida decente e digna, com drinks, poesias e boa música” e isso me excitava me amolecia, me fazia sentir um adolescente cheio de cravos e tesão. Que se danem os malditos puritanos eu queria a Naila, e sentia que ela me queria, enchi mais um copo e caminhei em sua direção.
- Baby eu te amo! E disse.
Ela riu e me respondeu: quer foder agora?
Eu não acreditava no que ouvia, fiquei com cara de tonto, às coisas nunca foram tão fáceis para mim, mas agora estavam sendo, eu realmente havia me tornado algo importante, sabia que aquela mulher não me queria, que aquela mulher queria o escritor que eu sou, mas como não me prendo a detalhes a desejei e aceitei seu convite com um olhar espontâneo e misterioso de como quem diz “ vou te rachar no meio boneca”.
- Vamos me segue. Ela me dise no ouvido e passou sua língua em minha orelha como pré sinal do acasalamento que iríamos ter.
Eu a segui sorrateiramente, entramos em uma sala pequena, ela tirou meu pinto para fora se abaixou e chupou até endurecer, depois de lubrificar meu pinto com sua saliva, ela levantou seu vestido, tirou a calcinha e ficou de costas para mim, a comi durante um bom tempo, senti que ela gozou duas vezes porem eu estava bêbado e não conseguia gozar, no fim tirei meu pinto mandei que ela se abaixar e esporei todo o meu sexo na boca dela, ela gostou abriu a boca e me mostrou que não havia sobrada nada, que havia engolido tudo. Se eu fosse um pouco mais “forte” daria outra, mas não iria conseguir, nos vestimos e saímos, fui direto para a mesa de whiskey, e Jean-Paul me pediu para parar de beber por inúmeras vezes, estava dando vexame, estava sendo o centro das atenções (costumo ser quando bebo) e podia ouvir falácias de todos os tipos contra a minha atitude, alguns riam, mas aquilo por fim acabou me deprimindo (lembrei que não tinha pego o telefone daquela garota e nem tinha passado o meu), fiquei jururu, me abaixei no canto e peguei no sono o sono dos bêbados.
Acordei deitado num canto frio, olhei para cima e vi que o dia estava claro através de uma das janelas, olhei no relógio 6:20 da manhã, me levantei e fui ao banheiro, olhei para mim e vi que estava com a gravata amarrada na testa, com o blazer amarrado na cintura e a camiseta aberta, meus sapatos tinhas respingos de vômitos e eu não via mais minhas meias, não lembrava absolutamente nada do que havia acontecido, via flashes esporádicos de algumas coisas que havia feito, sabia porem que a noite fora agradável (para mim pelo menos, quanto aos outros convidados pouco estou me lixando), deu uma mijada, lavei as mãos, arrumei na medida do possível minhas roupas e sai do prédio, peguei um taxi, estava com a cara péssima, um verdadeiro lixo humano, a corrida do centro até minha casa foi bastante agradável, olhava pela janela e via pessoas passeando com seus poodles, mendigos dormindo em praça e bêbados de ressaca por todos os lados, isso fez com que eu não me sentisse sozinho afinal. Cheguei em frente ao meu prédio, paguei a corrida, entrei em casa, fui tirando a roupa e jogando tudo no sofá, fiquei somente de cuecas, mexi na estante de CDs e coloquei Los Hermanos para tocar e fui tomar um banho rejuvenescedor, minha cabeça latejava, no meio do banho desliguei o chuveiro e dei uma cagada, pensei que estava cagando até meu coração, mas enfim vomitei durante o banho e quase 1 horas depois de ter entrado no banheiro sai, rejuvenescido, eu era um predador fumegante, com uma mente jovial e transcendental, eu estava a frente do tempo, eu era a modernidade eu sabia o que estava acontecendo e o que iria acontecer, era um franco atirador no ápice da sua mira eu me recuperava rápido de qualquer forma de indisposição.
Fui até a geladeira peguei uma cerveja, fui até a porta e peguei o jornal que o porteiro sempre deixava, abri e li um texto sobre mim e sobre meu livro, gostei da critica e resolvi sair para beber, peguei minhas chaves, minha carteira vesti uma boa roupa, coloquei meu chapéu de conversa e resolvi que aquele seria um dia decente.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
kkk.. nossa amor que diferença hein.. antes seus contos eram loiras/ruivas hoje vc até Negra tem muitoooooo bem kkk
Te amo meu amor ..
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