terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Uma noite em Sodoma!

Angélica não parava de se perguntar o que fazia naquele lugar, mas toda vez que olhava para seu copo com um bom drink, dizia que valia a pena. Falácias por todos os cantos jaziam naquele lugar, o cheiro forte de cigarro e bebida impregnava todo o ambiente de forma mágica, Angélica sorria por estar ali, seria mais uma entre suas inúmeras aventuras.

Angélica era uma garota cheia de vida, adorava novas experiências, e jamais recusava algo que lhe agradasse, queria experimentar novas coisas e sempre dizia para si mesma "foda-se, a vida é uma só, tenho que curtir minha vida como a Courtney Love hollywoodiana" e era exatamente o que fazia, no reveillon em Santos, conheceu por curiosidade um grupo de pessoas, essas pessoas chamaram sua atenção, e sem pudor algum se aproximou delas, havia um homem gordo deitado no chão com duas garotas de biquíni o pisoteando, se aproximou com curiosidade e perguntou o que estava acontecendo, com a voz já um pouco alterada devido ás bebidas que havia tomado, o homem mandou que ela a pisoteasse, e ela o fez com um sorriso de satisfação no rosto e o pé imundo devido a caminhada descalça que estava fazendo. Neste grupo descobriu que o homem gordo estava acompanhado de sua mulher, conheceu o casal, a mulher alta e esguia, um corpo bem torneado, adornado por belas tatuagens, cabelos loiros e com certeza uns quarenta anos, o marido, um gordo, alto com uma voz poderosa, com os cabelos rasos e uma cara bastante simpática, Angélica queria bebida, e lá eles tinham a bebida a oferecer, e foi isso que fez bebeu até o máximo que seu fígado podia agüentar.

- Você é daqui mesmo? Perguntou a mulher loira para Angélica.

- Sim moro em Santos. Respondeu Angélica acendendo um cigarro e disparando a fumaça azul em direção ao céu.

- Vamos para São Paulo com a gente! Nós temos uma casa lá, você trabalha conosco.

- Vai se fuder, não sou prostituta!

- Não Angélica, não é esse tipo de casa, nós temos uma casa de podolatria.

- Podolatria! Não sei não.

- É sério, achei seu pé lindo, você se daria muito bem, e às pessoas te pagariam para ser pisoteadas. Você iria pisar e bater em todo tipo de doido sado.

- Quando?

- Quando quiser.

A mulher entregou o seu telefone e endereço da casa e pediu para Angélica passar lá quando quisesse.

Angélica voltou para sua casa decidida a ir ver o que seria aquela nova experiência, e foi o que fez quatro dias depois, pegou algumas roupas, e foi para rodoviária, destino São Paulo - Osasco.

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Chegou em Osasco depois de mais ou menos duas horas de viagem, foi destino a estação de trem e pegou a linha B Diamante sentindo a estação Palmeiras Barra Funda, chegou na Barra Funda, 20 minutos depois e fez a baldeação rumo a Sé, desceu na estação Anhangabaú e foi caminhando até a rua Nestor Pestana.

Chegou ao seu destino após alguns minutos de caminhada e de perguntas para taxistas de como chegar. Finalmente encontrou o local que estava marcado no papel que Angélica anotou após finalmente ter ligado para a mulher que havia conhecido.

Pronto, lá estava Angélica, tocou a campainha e foi atendida pelo homem gordo, que logo que a viu esboçou um sorriso de orelha a orelha, dando um abraço e a convidando para entrar com bastante receptividade.

Logo que chegou foi apresentada para as meninas que trabalhavam lá, fez amizade com algumas e bebeu, foi descansar em um dos quartos, tomou banho, se arrumou e desceu já no final da noite.

Ouviu às regras da casa.

- É proibido todo e qualquer contato físico da canela para cima, proibido sexo e troca de telefones, e-mails ou qualquer merda moderna. – dizia um homem que provavelmente era o segurança pelo tamanho e imponência.

Angélica não sabia direito o que estava fazendo ali, mas simplesmente a bebida era de graça e passar um final de semana em São Paulo de forma diferente a atraiu, ela olhou para o lado com seu copo de Vodca na mão e viu um homem de quase 1,90 de altura sair de uma sala escura, por mais que seus olhos não acreditassem no que estava vendo, o homem estava vestindo uma cinta-liga, e já saiu sendo chicoteado por uma das meninas, ela deu um sorriso e pensou “foda-se a bebida é de graça".

Passou por cima de alguns sujeitos e os caras sentiam prazer em ser pisoteados, e ela pisoteava sem a menor dor e pudor, no final das contas Angélica estava se divertindo.

Com a bebida na metade da madrugada, nada era mais estranho para Angélica, tudo já estava sendo perfeitamente normal, mas tudo aquilo era demais, e ela resolveu que aquela seria uma única experiência, que não prolongaria aquilo para mais uma noite. Definitivamente não podia ficar em um lugar que se podia beber trabalhando, não daria certo.

Quando eram 03h30min da madrugada, Angélica resolveu sair, queria curtir um pouco São Paulo. Havia conhecido uma garota, o nome era Jaque. A garota também era do litoral, e estava ali a alguns dias a mais que Angélica, já havia saído algumas vezes, e vez ou outra transava com algum sortudo que encontrava em um bar.

Resolverão sair de lá, Jaque conhecia alguns lugares, e aquela noite com certeza seria uma noite agradável para se beber.

- Para onde vamos? Perguntou Angélica.

- Conhece a Rua Augusta?

- Só de nome.

- Pronto vamos para lá, tem muita coisa engraçada e a bebida não é tão cara.

- Ótimo, quero beber. Disse Angélica com a voz alterada, mas ainda lúcida o bastante para saber que aquele fim de madrugada ainda seria muito bom.

Pegaram um taxi, após alguns poucos minutos chegavam a Rua Augusta, pagaram a corrida e desembarcaram, estavam na maior Sodoma e Gomora de São Paulo, pararam em um boteco e beberam para começar a noite, após alguns drinks e risadas saíram e foram caminhar. Às duas garotas eram totalmente parecidas, bebiam, vomitavam e riam, riam tão alto que suas gargalhadas faziam uma junção perfeita com a noite de São Paulo, algumas pessoas mais tradicionais passavam e às fulminavam com o olhar, elas não estavam nem ai, quem estivesse incomodado que fosse para casa dormir, a noite era delas e elas usavam da melhor maneira possível, bebericando em cada bar que passavam, saiam, vomitavam e bebiam mais, eram alma gêmeas de copo, sabiam como se divertir, alguns caras passavam e tentavam se aproximar, elas os repudiavam e gritavam que eles eram feios os humilhando e deixando com cara de patéticos, Angélica não queria saber de sexo aquela noite, aquela noite seria uma diversão nada sexual, queria apenas beber.

Depois de passarem por muitos bares, nada que bebiam parava em seus estômagos, às duas garotas totalmente bêbadas, abraçadas cantavam Drive My Car dos Beatles e riam, e na madrugada já em seu final, podia-se ouvir de longe a cantoria daquelas garotas totalmente bêbadas.


Baby you can drive my car
Yes I'm gonna be a star
Baby you can drive my car
And maybe I love you
Beep beep'm beep beep yeah
Quando já não agüentavam mais tanta bebida, resolveram pegar um táxi e voltar, contaram todas às moedas e juntaram notas amassadas para negociar um preço de corrida, o taxista aceitou o valor oferecido e às levou de volta à casa de podolatria, entraram, o segurança com um ar de repúdio por ver às garotas naquela situação às deixou entrar, Angélica e Jaque estavam tão bêbadas que não se deram ao trabalho de procurar algum lugar para dormir, sentaram juntas no chão e bêbadas se abraçaram, encostadas em uma coluna e dormiram como se já se conhecessem há séculos.

Na Manhã do mesmo dia, Angélica acordou e resolveu que tinha que ir embora, arrumou suas coisas, pegou o dinheiro pela noite de trabalho e se despediu de todas às garotas e de Jaque. Angélica e jaque não quiseram trocar telefones, não iriam provavelmente nunca mais se encontrar, mas aquela amizade feita em uma noite ficaria sempre em suas lembranças, angélica foi para o metrô sentido Jabaquara de lá pegaria alguma van e dentro de 1 hora estaria em casa, “preciso dormir” pensava Angélica, que cada vez que pensava em toda á loucura que havia vivido em 24 horas, abria um sorriso, e às vezes sussurrava Drive My Car e gargalhava, às pessoas que estavam no mesmo vagão a olhavam com aquele olhar de puro repudio, “foda-se todos” pensava Angélica e sorria.

Desceu na estação Jabaquara, encontrou uma van já de saída e a pegou, em menos de 5 minutos de trajeto, Angélica já dormia feito uma criança.

Aquela com certeza não foi a primeira e muito menos seria a última experiência de Angélica.

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