Olha ele novamente, com seu charme a zero, sua cara
continuava parecendo areia mijada, seu humor continuava seco, seu olhar era
duro, olhar de quem sabia de alguma coisa, sua barriga pendendo para frente de
forma melancólica, através da camiseta notava-se peitinhos mais parecidos com
uma menina de 13 anos do que de um homem que havia vivido bem, muito bem. O
cabelo penteado para trás de forma descompassada. Viam-se falhas de quem estava
a um passo da calvície. Ele estava destruído, os anos haviam sido bastante
cruéis com ele, não à toa, ele havia pegado pesado com bebidas, cigarros,
drogas e algumas mulheres. Ele era o rei da DST, gonorreia era o seu baluarte.
Max Wilson havia acabado de lançar seu ultimo livro, e
estava vendendo mais do que nunca, ele continuava odiando o que escrevia... Não
pintava mais fazia alguns anos, Max Wilson só fazia aquilo que tinha vontade, a
escrita fluía, pois tudo que ele fazia era algo que pode se escrever, vender e
ser bom.
Max Wilson acordou às 10hr00 da manhã, nunca acordava
antes dessa hora, ele dizia que isso era a fonte de sua vida, socou o dedinho
na beira da cama, perdeu a unha, praguejou, uma lagrima escorreu de seu olho
esquerdo. Foi ao banheiro, abriu a torneira, deixou a água corrente cair por
suas mãos calejadas durante alguns bons segundos. Lavou o rosto, abaixou a
cueca, levantou a tampa da privada e cagou, na hora de se limpar percebeu um
pouco de sangue, seu estomago embrulhou, vomitou na pia, o vômito era pura água,
ele estava se desfazendo do resto de vida e dignidade que tinha. Sua cara
estava amarelada, se sentia quente e com o estomago retorcido. Max Wilson sabia
que isso não era normal, mas ele jamais ia ao médico, ele não era o tipo de
pessoa que se cuidava, ele estava sempre se automedicando de bebidas
alcóolicas, sempre que se sentia mau, virava algum destilado qualquer e podia
se sentia melhor, dessa vez não foi diferente, preparou um bom gin com tônica e
virou em uma talagada. Seu telefone tocou, antes de ir atender, abriu a geladeira
e pegou uma lata de cerveja.
- Alô!
- Max Wilson, sou eu, tenho novidades. Disse Luiz seu
editor.
- O que é?
- Você foi convidado para uma entrevista na Rolling
Stones.
- Não dou mais entrevistas!
- Max Wilson, para com isso homem, aquele rapaz não
morreu por sua causa.
- Eu havia gostado dele, ele me visitou algumas vezes,
bebericamos juntos, jogamos conversa fora, e ele saindo bêbado daqui bateu a
porra do carro.
- Ele era um bom garoto Max Wilson.
- Era sim, por isso não quero jornalistas nunca mais!
- Mas isso vende livros, Max Wilson!
- Porra, mas que diabos, sou um gênio, não preciso de
entrevistas para vender livros, estou me lixando se eu vender livros, tenho
dinheiro como nunca tive, não gosto de ter tanto dinheiro, não gosto de ser
cool para essa molecada estupida que ouve músicas ruins, que é descolada só
para pegar menininhas e que pensa que sabe tudo sobre a vida. Eu sei sobre a
vida, eu vivo, eu penso e eu bebo.
- Max Wilson, você precisa rever seus conceitos, você
precisa se integrar aos novos tempos.
- Luiz, seu sacana de merda, você acha que pode me vender
assim¿ Eu sou o talento, você é só o relações publicas, todo o trabalho pesado,
às bebidas ruins, as bocetas gordas e fedidas são a minha parte mais lúcida. Eu
fodo a merda para te dar o mínimo de dignidade na vida, seu carro, sua casa, o
silicone da vaca da sua sua chupadora, vulgo mulher, suas viagens para a
Europa, sou eu que pago tudo, e agora você me vem com essa merda. Vai tomar no
seu cu sua lêndea! SOU EU QUE ME FODO SEU PUTO.
- Okay, okay, eu desito.
- Passar bem!
Max Wilson desligou o telefone, acendeu um cigarro e deu
um peido, finalmente se sentiu bem aquele dia.
A lata de cerveja acabou, preparou mais um gin, acendeu
mais um cigarro e pensou em ligar para alguma vagabunda sem classe para meter,
mas logo desistiu da ideia, suas forças não eram bastante limpas para o sexo,
resolveu usar a carga que tinha aquele dia para beber, talvez escrevesse muito
provável que não aconteceria, Max Wilson não estava legal aquele dia.
A tarde foi passando, comeu dois ovos cozidos com
páprica, bebeu um suco de laranja com vodca e foi para sacada, estava pouco
ligando de estar apenas de cueca, ficou olhando para o transito da rua durante
mais de 1 hora, estava se sentindo estranho, tentava saber o motivo, mas estava
com medo de ir a fundo nesse pensamento, olhou para os seus pés, estava sem uma
das unhas quebradas, o sangue estava pisado, seu dedo roxo. Acendeu um cigarro,
tossiu sangue, se sentiu tonto e caiu para trás, bateu a cabeça no trilho da
porta de correr, um corte logo se abriu, levantou após alguns minutos tonto,
largou a bituca do cigarro no chão, respirou e começou a enxergar melhor, iria
tomar um banho, deitar e descansar, aquele dia não estava bom, e finalmente Max
Wilson havia percebido, tirou a cueca, jogou em cima do sofá deu dois passos e
sentiu seu corpo adormecer, tentou gritar, sua voz não saiu, sua boca estava
torta, caiu de lado, ao lado da bituca do seu cigarro, a cabeça sangrando, o dedinho
do pé roxo, seu corpo dormente, começou a ter espasmos e a visão ficou
enegrecida, sabia que a morte estava lhe dando a mão, se cagou e mijou, começou
a engasgar com o próprio vomito. Max Wilson pensou em sua vida, em suas
pinturas, em bocetas, em seus textos, enquanto estava tendo um derrame pensou
em um cigarro, suspirou e seu coração parou de bater... Aos 36 anos Max Wilson morreu!
Seu corpo foi achado alguns dias depois, nu, com uma aparência
terrível, seu editor deu algumas entrevistas, mostrou algumas fotos e lançou
edições de colecionador de seus textos. Max Wilson, uma lenda vida, agora morto
valia muito mais. E onde quer que Max Wilson esteja, sempre lembraremos dele.